terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Vicky Cristina Barcelona

Fui assistir o novo filme do Woody Allen, "Vicky Cristina Barcelona", um filme que não pode deixar de ser visto, você gostando ou não da obra do Woody. Concordando que o filme é bom ou não, o que não podemos deixar é de aprender com as personagens desse filme intenso e delicioso de se compreender. Vicky e Cristina são amigas e estão em Barcelona, Vicky estuda para o mestrado e Cristina pra tentar se encontrar. Vicky está noiva de um americano previsível e Cristina está noiva das oportunidades que a vida lhe oferece. Quando menos esperam, Juán Antonio lhes oferece um final de semana numa cidadezinha ao redor. É quando as duas se deparam com seus conceitos, afirmações e verdades que ambas acham que seria eterno. E também quando conhecem Maria Elena a esposa enlouquecida de Juan Antonio, numa atuação primorosa de Penélope Cruz, que parece fazer jus ao que podemos chamar de "cinema".
Vale à pena conferir...
TRÊS FILMES ESSENCIAIS DE WOODY ALLEN (NA MINHA OPINIÃO)
Noivo neurótico, noiva nervosa (1977)
Nesse filme, Woody Allen nos convence de que os relacionamentos são inevitáveis por sermos humanos. E também a dor, as discussões e as separações. E que é preciso ter amor suficiente para passar por cima de tudo e continuar junto. Amando nesse caso, mais os defeitos, do que as qualidades...
A Rosa Púrpura do Cairo (1985)
Uma alegoria da própria magia do cinema. Woody apresenta aqui uma nova maneira de fazer um filme de amor e mágica. Misturando fantasia e realidade ele nos mostra que ainda é possível sonhar. Nem que for um sonho impossível. Porque nesse filme, só o sonho é capaz de fazer a realidade continuar a existir....
Match Point (2005)
Um dos melhores filmes de Woody sobre o drama humano da traição, da fúria, da loucura e do desejo. Entre o dinheiro, o amor de verdade e a paixão, a escolha pode pender para o pior lado. E mais: pode ser que a sorte acompanhe essa escolha. Ou não. É ver e gostar.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Carta de Natal

O Natal, com todos os seus conceitos mercadológicos, amargos e festivos, trouxe uma manhã cheia de chuva. que talvez regue a esperança. não tenho mto a desejar, só a agradecer. talvez a um Deus qualquer, de uma religião qualquer que saiba fazer os homens se ligarem novamente a essência divina. não no sentido católico, mas no sentido amoroso. peço licença pro Bernardo, (http://sobrenuvensefronhas.blogspot.com/), um amigo poeta sensível, que soube colher as palavras certas para desejar não um natal, mas um dia a dia doce. um beijo, Be
... posso desejar praças, para as crianças que não as têm. Um mundo com mais praças não pode ser pior.Desejarei, a todos, que sejamos mais sofisticados. Sim, isso mesmo. Não de jeito, mas de moral, de conduta, na hora de lidarmos com os outros.
E desejo que lembremos que nós também somos outros. Que não sejamos morcegos histéricos e cegos, nem robôs simiescos portando bugingangas complexas e mortais.Desejo mais razão, a mesma que foi descoberta séculos e séculos atrás, que insistentemente parece que a ela somos refratários...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

SHIKO

Descobri um artista plástico fantástico ontem...
Shiko...
vale à pena....

http://www.flickr.com/photos/derbyblue/page2/

MAUS

Para que serve uma guerra? Além de traumatizar gerações e enraizar sofrimentos e perdas, não acredito que sirva para mais nada. Quem viveu, ou melhor, sobreviveu a uma guerra, sabe bem disso, ainda mais se houve perda de parentes e amigos. Dizem que muitas pessoas tornam-se apáticas, perdem o gosto pela vida depois de passar por uma guerra. E o dom de transformar a dor em arte é para poucos.
Artie Spiegelman (nasceu em Estocolmo em 1948 e foi para os EUA com a família em 1951) soube como ninguém usufruir de uma tragédia para criar um épico. “Maus memorializa a experiência do Holocausto vivida pelo pai de Spiegelman, Vladek.
Acompanha sua história, quadro a quadro, desde a juventude e o casamento na Polônia de antes da guerra até o confinamento em Auschwichz. A história de um sobrevivente criada por Spielgelman é crua e sem embelezamentos. Um dos clichês sobre o Holocausto afirma ser impossível imaginá-lo. Como a guerra nuclear, seu horror ultrapassaria a imaginação artística. Spielgelman prova que essa teoria está errada”. Independent
E que trabalho fenomenal Spiegelman fez! Lá pelos idos de 1970 ele começa a escrever o livro Maus (ratos em alemão) visualizando o que foi a II Guerra Mundial na óptica de seu pai Vladek, um judeu que esteve preso nos campos de concentração de Auschwichz.
Mas Spiegelman não escreveu um livro sobre a guerra apenas. Fez, a partir das vivências e histórias contatadas pelo seu pai, um livro em quadrinhos (veja bem, inteiro em quadrinhos) sobre as tragédias, desgraças, desespero e esperança que caminhavam de mãos dadas em Auschwichz.
O jornal Washington Post escreveu na contracapa do livro Maus que o meio escolhido não poderia ser outro: e isso é a mais pura verdade. As seqüências parecem um filme e não capítulos de livros, ora sensíveis e comoventes, mas na maioria das vezes parecendo que estamos dentro de uma película de terror.
Para fazer esse trabalho, Spiegelman não mediu esforços. Originalmente, o livro foi feito em séries e publicado aos poucos na revista RAW (famosa revista de quadrinhos e artes gráficas de vanguarda editada pelo próprio autor), sendo posteriormente transformado em livro. Vá lá que só isso já seria uma louvável atuação, ou melhor, contribuição para a história do mundo, mas o autor subverteu ainda mais o leitor, transformando seus personagens em animais. Antropomorfizando as pessoas, raças e etnias.
Para explicar a escolha de Spiegelman em retratar as pessoas como animais, diz-se que essa é de acordo com algumas publicações; “uma técnica familiar em desenhos animados e em tiras de quadrinhos e foi uma tirada irônica em relação às imagens propagandistas do nazismo, que mostravam os judeus como ratos e os poloneses como porcos. A publicação na Polônia teve de ser adiada devido a este elemento artístico”.
- Não somos porcos! – bradavam os poloneses. Mas Spiegelman explica: - Os porcos têm boa reputação com os americanos por causa de programas de TV como: Miss Piggy e Pork Pig – dizia o autor.
Os judeus são ratos e os alemães gatos. Nada mais justo e certo do que isso. Os americanos, naquela loucura intensa de competição, são cachorros que correm ferozmente atrás dos gatos da velha Europa.
Ainda outras raças são retratadas como animais: os franceses são sapos, poloneses são os porcos (como já foi dito), os suíços as renas, os ursos são russos e os britânicos são peixes. Ufa, é animal que não acaba mais! E todos demasiadamente humanos, como dizem vários críticos.
No primeiro contato que você tem com o livro, fica um tanto quanto complicado decorar que quem é cada animal, contudo, Maus é tão denso e com um roteiro tão alinhado e bem desenhado que a gente acaba querendo decorar de uma vez para não perder o fio da história.
O autor passou por situações que estão ali retratadas de diversas maneiras: nasceu em 1948 e em 1951 foi para os EUA com o que sobrou da família depois da guerra. Seu pai sobreviveu ao Holocausto devido à inteligência que possuía, mas carregou consigo neuras e manias daquela vida magra e desumana que levou.
Spiegelman não tinha um bom relacionamento com o pai porque Vladek queria que Artie fosse dentista e não artista (olha o que o mundo ia perder se ganhasse mais um dentista!) e também pelo fato de que Artie não aceitava o suicídio da mãe.
Isso é bem retratado ao longo dessa fantástica história em quadrinhos. Sua mãe, Anja, se suicidou pouco tempo depois de ir para os EUA. Imaginar o que essa mulher passou em Auschwichz justifica um tanto quanto suas ações.
Richieu, o irmão mais velho de Artie, morreu na guerra com pouca idade envenenado por uma tia que não queria vê-lo no campo de concentração. Essa forte ligação entre Artie e Richieu, o irmão morto que ele não conheceu, também é retratada no livro diversas vezes, com a foto original de Richieu nas imagens em falas e lembranças do velho Vladek.
O livro poderia ser considerado apenas mais uma contribuição para a história do mundo, mas por ser tão bem elaborado, Maus pode ser referenciado como uma obra de arte em vários campos de atuação, desde história até desenho e cinema, se considerarmos suas técnicas e artifícios.
Em alguns momentos, a ilustração é de tamanha expressão que fica até difícil de ver e não se emocionar e não se reconhecer ali. Como no reencontro de Anja e Vladek ou a morte dos amigos próximos (por fome e maus tratos) em Auschwichz.
Lendo Maus a gente aprende não só história como também a respeitar e conhecer o outro, além de se surpreender muitas vezes torcendo por determinadas personagens, se emocionar e se colocar no lugar do próximo, imaginando aquela situação desoladora com sua família ou com você mesmo. Enfim, um pesadelo.
Dessa forma, ler Maus é obrigatório. Um presente para quem quer conhecer a história do mundo. Deveríamos aprender isso na escola.
Assim, aqui vai uma dica para quem vai conhecer MAUS pela primeira vez: cuidado ao ler o livro antes de dormir. O efeito causado é de uma reflexão sem tamanho. E mesmo quando seus olhos quiserem fechar, você vai ficar bravo consigo mesmo por não conseguir terminar de ler aquela página, ou aquele capítulo...
Além do que, o livro provoca na gente indigestão e insônia que fazem com que escutemos uma dupla que pouco trabalha junto nos dias de hoje: o cérebro e o coração...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

De volta aos clássicos

em momentos raros, quando o coelho da Alice não está encarnado, procuro filmes que são de outro tempo. Sim, de outro tempo, daquele tempo distante, onde não havia internet, nem orkut, nem nada. Pouco ou quase nada, máquinas de escrever.
Como é que os caras conseguiam fazer aquilo sem tanta condição de estrutura? Sim, porque hoje, com tanta coisa, tanto aparato andam fazendo cada besteira no cinema que até Deus duvida...
enfim. Havia um filme que há muito queria ver. Sabrina (1954 - Billy Wilder). Já havia pego o filme na locadora algumas vezes, mas nunca dava tempo de assistir, e para ver Audrey Hepburn dirigida por Billy Wilder há necessidade de tempo. E estou com ele me apertando a todo momento.
Resolvi dar um tempo e ver essa obra prima em alguns momentos de hoje. Sinceramente, um dos melhores filmes de romance, comédia, relacionamento e criatividade que já vi. Audrey como a cinderela às avessas está perfeita, Humphrey Bogart como o Linus, o irmão bravo e mergulhado em trabalho para esquecer a vida sentimental é a própria realidade de hoje. A fuga pelas brechas de que não podemos nos apaixonar. Não há tempo para isso.
Linus também acreditou nisso. Mas encontrou Sabrina. Que amava David (William Holden). E nessa ciranda, nessa quadrilha "a la drummond" um cenário incrível de personagens, fotos, imagens, figurinos, idéias e paixão vai surgindo.
dá vontade de terminar o filme e ligar para o Billy Wilder lá no céu (ou no inferno) e dizer que depois de Crepúsculo dos Deuses (1950) ele detona nesse filme:
- ei Billy, arrasou hein? tá humilhando os caras...
- ah, nem tanto, Lídia...
- tá sim...
Valeu Billy Wilder. Cinema é cinema.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

O Beija-Flor

E de repente lá estava ele...com uma classe que só ele tem, uma doçura e uma leveza características de quem deixa a vida ser vivida. Aproveitando os momentos doces de cada dia.
Enquanto eu caminhava de volta para casa, uma árvore carregada de flores amarelas convidava o pequeno beija-flor a beijá-la. E ele ia, uma a uma das flores, para que não houvesse ciúme.
Ele não me viu e eu fiquei a observá-lo por alguns instantes, nesses segundos raros em que a vida presenteia a gente com um final de tarde maravilhoso, calmo... e leve como um beija-flor....

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

ANKITO

texto publicado no blog:http://cinemarilia.blogspot.com/
Em alguns trabalhos realizados no acervo do CCM, me deparei com uma foto, com dedicatória para o clube de cinema de Marília em 1954, de um cara que eu não conhecia...D. Eleonora estava por perto e me disse, "Esse é o Ankito"! Ankito, fui procurar saber quem era o cara... e hoje, no Canal Brasil passou alguns filmes do Ankito! o "É fogo na roupa" de 1952 passou hoje....mas que interssante! é um dos grandes caras da Chanchada, contracenou com Grande Otelo , atuou com ele em vários filmes, foi artista de circo...um cara extremamente rico culturalmente,.... aos 84 anos, Ankito ainda está trabalhando, em novelas e etc... seria muito bom que todos conhecessem!
NOME ANKITO: Oscarito (Oscar) e Ankito (Anchizes) - palhaços de circo, o Oscarito chegou antes e como eram mto bons, foram comparados com o nome também...e o nome pegou! rs
link: http://www.funarte.gov.br/canalfunarte/ (entrevista do Ankito para o Rádio no Canal Funarte - ouçam! vale à pena!)
texto sobre a história do Ankito:
Ankito, nome artístico de Anchizes Pinto (São Paulo, 16 de fevereiro de 1924) é um ator brasileiro, considerado um dos cinco maiores nomes das chanchadas.De família circense, era filho do palhaço Faísca e sobrinho do famoso palhaço Piolim. Passou a atuar profissionalmente no circo aos sete anos de idade, no globo da morte.Onze anos mais tarde, passou a atuar em shows no Cassino da Urca, como acrobata, na época considerado um esporte, e que lhe rendeu cinco vezes o título de campeão sul-americano. Em seguida ingressou no teatro, substituindo por uma noite o ator principal da companhia, porém fez sucesso e permaneceu no elenco. Contracenou com Grande Otelo no show Bahia Mortal e, a essa altura, sua carreira já estava consolidada. Com o sucesso no teatro, em 1952, foi convidado para fazer três dias de filmagem no filme É fogo na roupa, mas o sucesso foi tanto que os três dias passaram a ser 39, tendo inclusive sido colocado o seu nome em primeiro lugar nos créditos do filme. Continuou a fazer shows pelo Brasil com uma companhia de vedetes, em clubes e cinemas, que sempre exibiam um filme dele antes de cada espetáculo.Protagonizou 56 filmes, todos recordes de bilheteria, entre eles Três recutas, Marujo por acaso, Um candango na Belacap, Rei do movimento, O feijão é nosso, O grande pintor, Angu de caroço, O boca de ouro, Sai dessa recruta e Metido a bacana, onde a dupla Ankito e Grande Otelo apareceu pela primeira vez. Em 1966, participou do filme em episódios As cariocas, de Fernando de Barros, Walter Hugo Khouri e Roberto Santos. Atuou também em O Escorpião Escarlate, de Ivan Cardoso e Beijo 2348/72, de Walter Rogério, ambos de 1990.Na televisão, participou de muitos programas humorísticos. Fez parte do elenco da TV Tupi, da Record e da Bandeirantes. Mais tarde, na Globo, além das participações nos humorísticos, fez parte do elenco das telenovelas Gina, com a Cristiane Torloni; Marina, com Edson Celulari e A sucessora, de Manoel Carlos. Em 2005, fez o personagem "Falecido", na telenovela Alma gêmea. Atuou também em inúmeras minisséries e participou da primeira versão do Sítio do Pica-pau Amarelo, onde fez os personagens "Soldadinho de chumbo" e o "CurupiraÉ casado com a atriz Denise Casais.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A menina e a madrugada

Achei esse texto do Oswaldo Montenegro (que um dia eu hei de conhecer)...
um texto lindo, uma carícia nos nossos olhos...
me lembrou os textos do Bernardo (http://sobrenuvensefronhas.blogspot.com/), que também são maravilhosos...
A menina e a madrugada
Oswaldo Montenegro
Da janela do quarto enluarada, a menina espia as sombras da manhã. O vestido esvoaça, o vento é leve, o silêncio acalanta. E quando às vezes o vento, em sussurro, vem de manso e dá carícia, ela sonha e agradece esse ventar. O cabelo é macio e cai no ombro, com jeito que acaba de acordar. Uma nuvem, uma estrela, e de repente se ouve ao longe o cantar do galo atento. Ela sonha e respira a madrugada. E se sente tomar conta da paisagem, sem anseio, apenas com a calma do ambiente. Ela pensa e a preguiça é o único sentimento. A fusão menina e madrugada é como uma nuvem em contato com outra. É perfeita e suave até um ponto em que se tem infantilmente o leve engano de que a menina é que está solta. E é quase o vento que acaricia, na janela, a própria madrugada.

A Mafalda vai voltar?

Essa notícia me pegou de surpresa...eu, sinceramente, amo a Mafalda de paixão, mas estou imaginando esse ser no mundo de hoje...
CIDADE DO MÉXICO, 30 NOV (ANSA) O desenhista argentino Joaquín Lavado, conhecido como "Quino", afirmou neste domingo que poderia voltar a desenhar historinhas da sua personagem mais famosa, Mafalda."Nunca se pode dizer nunca", afirmou Quino no segundo dia da Feira Internacional do Livro de Guadalajara. "Não posso dizer que nunca vou voltar a desenhá-la, não se pode saber o que vai acontecer no mundo".Quino minimizou a importância da personagem, dizendo que sempre se sentiu como um "carpinteiro" que fez "só um movelzinho"."Mafalda representa apenas 10 anos de minha carreira de mais de meio século", relativizou o desenhista argentino.Quino qualificou como "exagero" que Mafalda seja conhecida universalmente, mas reconheceu que a tira é muito popular na América Latina, na Espanha, na Grécia e em Portugal, "em geral, em todos os países onde houve uma ditadura". (ANSA)
Mafalda não veio ao mundo dos quadrinhos com a proposta de humor. Quino, (Joaquín Salvador Lavado) desenhou Mafalda na década de 1960 para uma loja de eletrodomésticos. Mas a personagem passou a ter vida própria e a refletir sobre a realidade que estava inserida. Ao invés de atrair clientes, Mafalda atraiu o mundo com seus pensamentos e sua linguagem ácida sobre os fatos políticos, sociais e econômicos que atingiam uma Argentina caótica e em plena ditadura. Nessa época, na década de 1960/70, toda a América Latina encontrava-se sobre o regime ditatorial e Mafalda criticou, falou e expôs suas opiniões através de metáforas humorísticas e humanísticas muito bem elaboradas, que ainda hoje tocam a realidade. Para termos idéia, uma das melhores amigas da Mafalda era uma menininha pequena e francesa chamada Liberdade com quem a personagem discutia e filosofava sobre a realidade da escola e do bairro em que vivia, em metáforas avassaladoras acerca do capitalismo e da ditadura que assombravam a realidade em que estava. Mafalda foi rebelde e contestadora. Corajosa também. Defendeu seu pensamento e se tornou real ao longo dos quase 10 anos em que foi publicada. Pensar, questionar, falar, discutir....Eis os verbos mais presentes no cotidiano dessa garotinha que ainda encanta gerações. Mafalda não é uma crítica de costumes, nem uma crítica social e política. Mafalda é a reflexão em pessoa, ou melhor, em personagem. Hoje, se ainda fosse publicada, teria mais de 40 anos, mas seus questionamentos são tão modernos que é impossível não rir e se reconhecer em suas tirinhas e em suas tiradas de alta intelectualidade. Mafalda é argentina, mas pode ser considerada cidadão do mundo. Personagem de histórias em quadrinhos, mas se fosse real, viraria ícone de várias gerações, assim como Jonh Lennon, figura pela qual Mafalda é fanática. Em um mundo onde os valores sociais estão invertidos, onde a palavra política poderia ser substituída por ganância e onde as pessoas desaprenderam a refletir, Mafalda torna-se uma lição de vida e audácia para todos que esqueceram que poderíamos ser mais do que somos e que poderíamos viver em um mundo melhor do que vivemos...

sábado, 29 de novembro de 2008

Henfil

Texto publicado no fanzine Justiça Eterna Zine (http://www.fotolog.com/justicaeterna) n° 27.
HENFIL E SEU TRAÇO CIRÚRGICO "Quando eu faço um desenho, eu não tenho a intenção que as pessoas riam. A intenção é de abrir, e de tirar o escuro das coisas" Depois de alguns textos sobre criações fantásticas dos quadrinhos no mundo como o Calvin, a Mafalda e o Charlie Brown, chegou a hora de falar de um criador (é, ele foi mais do que um cartunista ou um chargista; ele ouvia o que não se falava): Henrique de Sousa Filho, Henfil, para os mais íntimos. Muuuito prazer. Aliás, um prazer preciso, funcional, em um traço quase que invisível, mas que de tão profundo, deixa marcas sobre quem o lê. Henfil fez um tanto assim de gente pensar, através de desenhos sólidos, mas ao mesmo tempo, leves, que se desmanchavam em traços gargalhados de ironia, sarcasmo e acidez. Henfil nasceu em Minas no ano de 1944. Bom, talvez Henfil não tenha nascido. Acho mesmo é que ele brotou da voz de um povo humilhado, massacrado e redimido de várias partes do Brasil. E como é costume dos grandes gênios, Henfil partiu cedo, em 1988, com apenas 43 anos, nos deixando órfãos de uma visão humorística acerca de um Brasil que ainda não mudou. Mas essa partida breve não o impediu de ser intenso, de ser profundo, de criar personagens com uma velocidade espantosa, com a mesma gana que o cara tinha de viver. É, porque viver para ele é que era urgente. O resto não importava tanto. Henfil, assim como seu irmão, Betinho (é, o cara genial da Campanha da Cidadania e da Ação contra a fome) era hemofílico. E em uma das transfusões de sangue, recebeu também o vírus HIV. Mas isso não tirou dele a vontade de existir no mundo, de deixar sua marca, ou melhor, o seu traço. E o Henfil era tão inteligente que conseguiu subverter todo um contexto de ditadura no período em que viveu. Na verdade, não o contexto em si, mas fazia dos seus traços a arma para lutar numa guerrilha quase solitária em torno dos direitos do povo, na busca por uma suposta democracia que podia demorar, mas que não tardaria a chegar. Deu vida a personagens intrigantes como “Os Fradinhos” (Frandins, no sotaque lindamente mineiro), uma dupla impossível formada pela acidez do “Baixim” e pela bondade ingênua do “Cumprido”, que juntos colocavam à prova o riso contido do leitor. Também havia o “trio da caatinga” que criticava o Sul Maravilha, formado pela Graúna, Bode Orelana e o Capitão Zeferino. Sem contar é claro, o personagem típico do contexto da ditadura, aquele cara paranóico, Ubaldo, que de tão preocupado, tornava-se engraçado, numa caricatura invertida da realidade brasileira da época. Ubaldo foi criado por Henfil depois da morte de Wladimir Herzog, em 1975, com o jornalista Tárik de Souza, mas só estreou em 1976, devido, olha só a ironia, à paranóia da época. Henfil chacoalhou o país com as cartas que ele escrevia para a sua mãe, Dona Maria, no Pasquim e depois, em 1976, na revista Isto É, onde tinha liberdade para usar a mãe, através de uma literatura bem rasgada, para falar dos problemas do Brasil. Um gênio esse cara. Uma pena que Henfil não conseguiu viver tempo suficiente para ver a democracia. Mas ele eternizou-se em seu desenho, tão veloz quanto seu pensamento, e que, creio eu, não eram apenas charges, mas sim cartuns de um passado político ainda bem atual aos nossos olhos. Acho que no tinteiro que ele usava tinha sangue. E voz. - Ah, Lídia, imagina, eu nem era tanto assim.... - Você ainda é Henfil... - Sério? Então vou escrever uma carta para minha mãe falando sobre isso... - Pois é, pra você ver... - É, mas o que eu to vendo é uma esperança...igual a Graúna via quando a democracia estava próxima... - Esperança? Do que, Henfil? - De que o pão de queijo já assou... e de que ainda há muito a ser feito pelo Brasil...

Relacionamentos

um textinho do Jabor muito bacana, que faz a gente pensar...
Sempre acho que namoro, casamento, romance tem começo, meio e fim. Como tudo na vida. Detesto quando escuto aquela conversa: 'Ah,terminei o namoro...' 'Nossa, quanto tempo?' 'Cinco anos... Mas não deu certo...acabou' 'É não deu...' Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou.
E o bom da vida, é que você pode ter vários amores. Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam. Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro? E não temos esta coisa completa. Às vezes ele é fiel, mas não é bom de cama. Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel. Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador. Às vezes ela é malhada, mas não é sensível. Tudo, nós não temos. Perceba qual o aspecto que é mais importante e invista nele. Pele é um bicho traiçoeiro.
Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia E às vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona... Acho que o beijo é importante...e se o beijo bate..se joga... senão bate...mais um Martini, por favor...e vá dar uma volta. Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra. O outro tem o direito de não te querer. Não lute, não ligue, não dê pití. Se a pessoa tá com dúvida, problema dela, cabe a você esperar ou não. Existe gente que precisa da ausência para querer a presença. O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta. Nada de drama! Que graça tem alguém do seu lado sob chantagem, gravidez, dinheiro, recessão de família? O legal é alguém que está com você por você. E vice versa. Não fique com alguém por dó também. Ou por medo da solidão.
Nascemos sós. Morremos sós.
Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado. E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento. Tem gente que pula de um romance para o outro. Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia? Gostar dói! Você muitas vezes vai ter raiva, ciúmes, ódio, frustração. Faz parte. Você namora um outro ser, um outro mundo e um outro universo. E nem sempre as coisas saem como você quer... A pior coisa é gente que tem medo de se envolver Se alguém vier com este papo, corra, afinal, você não é terapeuta. Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível. Na vida e no amor, não temos garantias. E nem todo sexo bom é para namorar.
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar. Nem todo beijo é para romancear. Nem todo sexo bom é para descartar... Ou se apaixonar... Ou se culpar.
Enfim... quem disse que ser adulto é fácil?
Relacionamento não é tão complicado quanto pensamos, a gente é que complica demais...por insegurança, medo, mil coisas.... a grande questão é pensarmos em relacionamento num mundo tão efêmero quanto o mundo de hoje, onde as pessoas também se consomem e aos poucos se esvaem, vão longe, buscam a si mesmas....
Deu certo sim. Mas acabou. E pronto. Sem lamentos; apenas as boas lembranças, as ruins o tempo se encarrega de levar pro lugar mais distante do nosso coração.
Bom mesmo é se apaixonar. Nem que seja por um dia, uma hora, um momento...

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

THE PEANUTS (Charlie Brown)

é, agora os textos...Charlie Brown, com sua cabeça grande e questionamentos intensos, é mais do que uma personagem, é um amigo nosso...
*texto publicado originalmente no fanzine Justiça Eterna Zine n° 26 (http://www.fotolog.com/justicaeterna/23567478)
MEU AMIGO CHARLIE BROWN
Não. Ele não é um ser humano e não existe em carne e osso, mas é meu amigo. Imaginário? Também não. Charlie Brown existe, sim. Só que em um mundo paralelo, onde a humanidade e seus conflitos são retratados pela personalidade de crianças passíveis de análise para qualquer psicólogo... Mas espere aí: como assim? Charlie Brown não é um personagem de história em quadrinhos? Então ele não existe em um mundo paralelo e sim no mundo da arte seqüencial... Para alguns sim. Para outros, ele é o melhor amigo, o irmão, o primo, o colega de sala. Ou um espelho dos fatos que acontecem com qualquer um no nosso dia-a-dia. Charlie Brown é um retrato de nós mesmos em um menininho de cabeça grande e redonda, de poucas risadas e de olhar doce. Ele está sempre aberto a um mundo de novas possibilidades, mesmo sendo difícil para ele enfrentar esse mundo... O jeito de ser de Charlie Brown mostra que apesar da timidez explícita há uma curiosidade pulsante da realidade que o cerca. O garotinho fracassado que não consegue arrumar uma namorada sequer nem jogar bem na liga de beisebol carrega consigo algumas das verdades que mais nos atormentam: o medo de enfrentar a própria vida. Medo, ansiedade, agonia e algumas vezes um riso largo de crença num mundo melhor. Isso apesar do domínio e das humilhações femininas representadas pela personagem Lucy e das tiradas (mentais) do cão Snoopy. Não tem como não conhecer e se apaixonar por Charlie Brown e toda a sua turma. E veja bem, não é qualquer Charlie. É o Charlie Brown. Com nome e sobrenome. Talvez se deva isso à necessidade do próprio personagem de ter uma identidade, de se afirmar como alguém no mundo. Charlie Brown aparece sempre como aquela pessoa que ainda está buscando conhecer a si próprio... Ao ver aquela cara redonda e aquele olhar marcado por dúvidas lancinantes do dia-a-dia em Charlie Brown, imediatamente nos remetemos a nós mesmo e aquele desespero que vez por outra nos marca em anseios: devo chegar naquela menina que gosto? Será que sei jogar alguma coisa? O que devo fazer hoje? Será que darei conta desse trabalho? Dúvidas que atormentam ou já fizeram parte da minha vida, da sua vida e da vida do seu amigo.... O responsável por “cometer” um quadrinho tão bacana e rico de elementos textuais, intertextuais e psicológicos é Charlie Schulz, o próprio alter-ego de Charlie Brown e de toda a turma. Schulz, como parece ser a sina de vários bons desenhistas, era tímido e se sentia também um fracassado. Massacrado por uma mãe severa e pela primeira esposa, representadas na personagem Lucy, Schulz deixou a imaginação correr solta e criou The Peanuts publicando sua primeira tira no jornal St. Paul Press em outubro de 1950. Tirinhas inéditas foram publicada até o ano 2000, antes de Schulz falecer. No ápice de sua publicação, Charlie Brown e sua turma apareciam em mais de 2600 jornais, com um número de leitores estimado em 355 milhões em 75 países. As tirinhas foram publicadas em mais de 40 línguas. Números impressionantes, não? Que confirmam a importância dessas personagens na história das histórias em quadrinhos. Uma vez, Schulz disse em uma entrevista; "os ‘Peanuts’ são a minha vida inteira. Todos os dias lhes dei um pouco de mim”. E não teria como ser diferente. Em toda obra de arte encontramos sempre um pouco do autor... No Brasil, os Peanuts ficaram conhecidos como Minduim, apelido dado a Charlie Brown ou simplesmente “as tirinhas do Snoopy”. Extremamente psicólogico, apesar de Schulz não se referir a isso de maneira explícita, as tirinhas de Minduim alcançaram o mundo e conquistaram gerações de fãs. Bill Waterson, criador de Calvin & Haroldo, se diz um apaixonado por Charlie Brown e toda a sua turma. E não é para menos, tendo em vista que os filhos de Schulz possuem personalidades tão reais que muitas vezes fica difícil se distanciar dos quadrinhos e não percebê-los como amigos próximos. Entre as personagens da série criada por Schulz temos o “bom e velho” Charlie Brown, sempre de cabeça baixa e as mãos no bolso e Sally, a irmã mais nova de Charlie Brown que ele tenta deseperadamente compreender e que vez por outra o humilha também. Sally é apaixonada por Linus, uma criança que tem boas sacadas filosóficas. Linus Van Pelt apresenta nas tirinhas um paradoxo: tem uma filosofia de vida surpreendente, conhece muitas coisas apesar da pouca idade, mas vive grudado em um cobertor azul chupando o dedo. O que apresenta um perfil psicológico um tanto quanto ainda debilitado. Linus é o irmão mais novo da representação feminina da repressão: Lucy, a personagem mais mal humorada das séries das HQs. Mandona e chata, Lucy vive se metendo na vida de todos. Dá conselhos para os amigos, mas na verdade ninguém os pediu. Os conselhos dados a Charlie Brown são cobrados na barraquinha de psiquiatria montada por Lucy porque para o Charlie Brown nada é de graça. E ele sabe que a vida tem lá as suas dificuldades... Lucy incurtiu na cabeça do pobre Charlie Brown que ele precisa de conselhos médicos e tratamento psicológico... tsc, tsc. E ele acreditou. Lucy tem uma paixãozinha secreta por Schroeder, o artista da turma. Talvez a inteligência seja mesmo algo afrodisíaco... Ou seja, um dos seus pontos fracos é o amor. (Mas de quem não é, não é mesmo?) Schroeder é um músico que vive em um mundinho particular. De lá, tira melodias maravilhosas de um pianinho de brinquedo tentando em vão não interagir com um mundo real que lhe é apresentado toda vez que Lucy chega lhe pedindo em casamento... Na visão de alguns filósofos e pensadores, Schroeder pode ser considerado um artista que se refugiou na arte para não ter que fazer contato com a realidade, pois Schroeder tem uma personalidade um tanto quanto fechada em si mesmo... A sua mais forte relação com o mundo se dá apenas pela paixão que ele sente por Bethoveen. Há ainda outros personagens como a Patty Pimentinha e a Marcie que são grandes amigas e o Woodstock, um passarinho amarelo amigo de Snoopy que tem até um dialeto próprio grafado em pontos de exclamação. Esse dialeto só é entendido por Snoopy, que conversa mentalmente com Woodstock. Temos qui um dos pontos altos da HQ de Schulz: o cão Snoopy, sua relação com o mundo e com o seu dono Charlie Brown. Se traçarmos um paralelo entre Charlie Brown e Snoopy temos duas personagens com características bem distintas: uma extremamente existencialista, na busca constante por si mesma (Charlie Brown) e outra completamente despida de consciência, buscando viver apenas o hoje da maneira mais interessante possível (Snoopy). Snoopy não sabe o nome de Charlie Brown, só o reconhece por ser “o garoto de cabeça redonda que leva comida para ele”. Snoopy representa a fantasia que “deveria” estar presente nas personagens que permeiam a tirinha e nos próprios seres humanos. Na verdade, transformamos essa fantasia em trabalho e em falta de tempo e nos esquecemos, muitas vezes, de viver plenamente, ou até mesmo de sonhar. Com a possibilidade de ser quem quiser, Snoopy uma hora é escritor com sua própria máquina de escrever, da qual tira textos maravilhosos de cima de sua casinha de cachorro. Outra hora é um aviador da segunda guerra fazendo referência direta aos fatos acontecidos com o próprio Schulz que teve que lutar na Segunda Guerra Mundial. Em entrevista, diz o desenhista que ter que ir pra guerra foi bom, pois voltou com menos medo e mais expansivo. Veja que ele até casou depois que voltou da guerra. Uma dádiva para quem se sentia um fracassado... Snoopy tem em si a possibilidade da existência por completo, já que é um cão e não tem preocupação humana, apesar de agir como humano muitas vezes e em algumas tirinhas até mesmo andar sobre duas pernas. Snoopy não fala, mas pensa. E muito. Muitas vezes parece pensar alto, o que deixa Lucy extremamente irritada. Snoopy vive o presente sem se cobrar de ser alguém melhor ou ter crises existenciais. O que é espantoso, ou melhor, paradoxal para um cachorro praticamente humano.... Já Charlie Brown ainda não sabe o que está fazendo no mundo. E talvez seja isso o mais encantador na personagem. Constantemente em busca de si mesmo, se perde em dúvidas e pensamentos, mas não deixa de ser criança e algumas vezes ter espasmos de alegria ao sentir paixão por uma garota ruiva ou quando consegue fazer algo superando suas próprias expectativas. Devemos, entretanto, refletir sobre outras personagens do mundo das histórias em quadrinhos para compreendermos a dinâmica presente em “The Peanusts”: Calvin é aquela criança ativa, cheia de imaginação que troca altas idéias com seu tigre de pelúcia, o Haroldo, sendo que só ele, o próprio Calvin, vê o tigre como um ser vivo. Mafalda é uma socióloga mirim. Raramente a vemos brincando como uma criança qualquer por que ela está sempre preocupada com a situação do mundo, hora é uma apocalíptica hora é uma integrada aos fatos da realidade. Charlie Brown mistura as duas personalidades anteriores em uma criança que parece ter dentro de si, um adulto. Não por suas idéias, mas por suas neuroses diante do mundo e diante de si mesmo. Ele brinca tanto quanto Calvin, mas é reflexivo também, assim como Mafalda. Imagina se pudéssemos ter os três juntos em uma mesma história? Iria ser surreal... Pois bem, voltemos. “The Peanuts” trazem em si um contexto psicológico humano de maneira tão explícita, que nos incomoda. Vemos-nos reconhecidos nos atos e ações das personagens e nos apaixonamos por eles, ou melhor, por nós mesmos, pelo nosso espelho, mas não conseguimos nos rever. Através da turma do Minduim descobrimos realmente quem somos. E mesmo assim, não conseguimos mudar. Isso é monstruoso. Considerações à parte sobre quem é e como se portam os “The Peanuts” no mundo das histórias em quadrinhos e no contexto psicológico, temos que admitir que todos eles são apaixonantes e cativantes. Charlie Brown está na sua infância e também nos espelhos espalhados pela sua casa. E ele é um tanto quanto tímido e com certeza vai olhar você desconfiado na primeira vez que vocês se encontrarem, achando que você vai sacaneá-lo de alguma forma. Mas depois se torna um grande amigo... Charlie Brown é amigo meu. Quer conhecê-lo? Espere um pouco que vou ligar para ele e vocês já conversam.... - Alô? - Oi, o Charlie Brown está? - Está, quem é? - É a Lídia.... - Charlie Broooooooown, telefone! Ele já vem atender você. Ele está demorando porque está deitado no sofá, refletindo sobre as coisas que a Lucy disse pra ele hoje. Aliás, eu sou a Sally, irmã dele....quer conversar comigo? Surpreendentes, não?

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

CALVIN E HAROLDO

Achei hoje uma postagem sobre esses personagens maravilhosos no blog "Topismos" (rá, adorei também) do Denis Pacheco (http://topismos.blogspot.com/2008/11/top-10-tirinhas-do-calvin-que-me.html)
Uma idéia muito bacana com as 10 melhores tirinhas (na opinião do autor) sobre a dupla mais bacana dos quadrinhos...
vale à pena ler...
ah, e aproveito pra colocar um texto meu publica no fanzine Justiça Eterna n° 24 (http://www.fotolog.com/justicaeterna/19524572) sobre o Calvin e o Haroldo....
aproveitem! e leiam também o post do Denis...
Calvin e Haroldo: Endoidando os quadrinhos “Caaaaaaaaalllllllllllllviinnnnnnnnnn!!”
Esse grito é da mãe do Calvin, chamando a pequena criatura para jantar, para dormir ou para arrumar o quarto. A mãe dele fica cada vez mais maluca com a criança mais elétrica do mundo das histórias em quadrinhos.
Calvin é uma criança (a) normal, mas com uma criatividade tão aguçada e um senso crítico tão bacana que desperta na gente aquela vontade de ser criança de novo e de ter um amigo quem nem ele, que aceita fazer as maiores loucuras e as mais legais brincadeiras.
Para os pais do Calvin colocar uma outra criança no mundo, sendo que essa teria a possibilidade de nascer com as características de Calvin seria um martírio. Então Calvin não tem irmãos. Aí que a imaginação desse pequeno ser ganha vida e dá asas às conversas mirabolantes que ele tem com o seu tigre de pelúcia, o Haroldo.
A cada tirinha, o leitor que se atente às percepções do texto vê que Haroldo realmente é um bicho de pelúcia, estático. Mas não para a mente fértil de Calvin que o transforma em seu alter-ego, em seu melhor amigo a cada tira. E eles conversam sobre tudo que permeia o universo de uma criança, desde os medos mais comuns até a chatice que é ter que dormir cedo. Lembra quando você era criança? Lembra do seu amigo imaginário? Lembra?
Ah, não teve um? Não tem problema. Lembra das maiores loucuras que você fazia com um papel e uma caneta? Cheio de idéia e imaginação? Tá, tá..se você não se lembra, tudo bem. Mas se quiser recordar esse universo maravilhoso da infância é só dar uma lida nas tirinhas do Calvin e do seu amigo fantástico Haroldo.
Para a gente perceber como o humor do Calvin é refinado, vou explicar uma tirinha dele: a professora pergunta para o Calvin quem foi o primeiro presidente do Estados Unidos. Ele diz que não sabe, mas que conhece a origem secreta de cada super-herói da liga Termonuclear. A professora, brava, diz para ele ficar depois da aula, no que Calvin responde: “Eu não sou burro, é que o conhecimento que eu domino não tem uma utilização prática”.
Pá! Na cara! Um tapa na cara da educação. Seja educação no Brasil, nos EUA, onde quer que seja. Calvin é assim. Esperto, questionador, reflexivo. Daí vocês me perguntam: então o Calvin é uma cópia da Mafalda?
Não amigos, não. A Mafalda é uma crítica extremada, uma questionadora, uma socióloga mirim que pretende construir um mundo melhor com suas reflexões, muitas vezes irônicas, sobre a realidade em que está.
Calvin não tenta mudar o mundo como a Mafalda; Calvin vive o mundo e se coloca nele como tal; como criança que é, com todas as fantasias, medos e raiva que uma criança tem. Ele não pretende revolucionar, mas subverter o que é proposto por seus pais, pela professora, pela babá... Calvin é um subversivo nato com uma imaginação e um senso crítico privilegiados, o que possibilita a ele e a seus leitores mergulhar nas mais diferentes possibilidades de viver a vida.
Nascido em 1985, Calvin durou apenas 10 anos. Tempo suficiente para ser publicado em mais de 2400 jornais pelo mundo, divulgado em mais de 15 livros e ser adorado em todos os continentes. O criador do Calvin, o cartunista Bill Watterson, formou-se em Ciências Políticas e desde aquela época já fazia tirinhas e charges para o jornal da facudade. Sua paixão por quadrinhos vem da infância, quando lia Charlie Brown.
Quando Bill Watterson deixou de desenhar as tirinhas de Calvin e Haroldo em 1995, disse que era porque tinha em mente outros planos como cartunista. O mais inusitado é que, mesmo depois de não ser mais publicado, Calvin ainda alcança uma geração de crianças e adultos ávidos pelas travessuras e brincadeiras que esse menininho apronta com o seu tigre de pelúcia. A última frase de Calvin antes de deixar de ser publicado foi: “é um mundo mágico, Haroldo! Vamos todos explorá-lo!”
Realmente, se olhássemos o mundo como o Calvin olha, enxergaríamos monstros, super-heróis e uma infinidade de idéias que aguçariam a nossa imaginação através de uma vontade irresistível de explorar o mundo exposto a nossa frente.
Veríamos que o mundo é mais do que vemos e reagiríamos ao mundo de maneira diferente ao que nos cerca, pois como diz o Haroldo em uma outra tirinha: “suponho que se não pudéssemos rir das coisas que não fazem sentido, não poderíamos reagir a boa parte da vida”. Sim amigos, o Haroldo têm razão....Não é, Calvin? “- Não sei, vou concordar com isso por enquanto....” Ai, esse Calvin é uma figurinha mesmo...

País do carnaval

será que eles estão fantasiados? é pra um filme?
não, talvez seja esse patrimônio que o Brasil quer ter....
Bom, está certo que o nosso país parece viver em uma ilha de alegria. A economia vai bem, a educação vai bem, a saúde então...nem se fala. As pessoas estão se preparando (mas já?) para o carnaval de um país que parece ser o carnaval eterno. Pois bem.
Com as situações no Sul, de enchentes e etc, o governo parece querer "ver onde vai dar" para tomar alguma atitude. Enquanto isso, voluntários de todos os lugares tentam fazer o que podem. Sinceramente, acredito que o apocalipse (é isso) já chegou faz tempo.
Cada um por si e sei lá quem pra fazer por todos. Acostumamos nosso olhar com a mediocridade, estamos focados no nosso próprio umbigo em torno do que fazemos ou deixamos de fazer por nós mesmos.
Olhar o outro em uma situação degradante, desigual, dormindo nas ruas, não tem mais diferença, não faz mais mal. E a água agora fluindo, minando cidades inteiras, dizimando as pessoas, isolando.... será que assim seremos todos iguais? Apenas no caos seremos iguais? Aprendemos assim, a engolir a seco as tragédias que nos rodeiam.
E o carnaval está aí, tentaremos ser igual à corte, nos vestiremos de reis e rainhas por um dia e nesse dia, desarmados desde a alma, nossa consciência irá calar e nos deixar ser felizes. E eu não estou criticando a festa do carnaval em si, mas os rumos que os grandes feriados e festas trazem para uma maioria da população absurdamente desprezada, invisível no caso.
Apesar das dores, da falta de amores, mais um ano vai passar, e mais um carnval vai começar...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Sociedade e pré conceito

Recebi um texto que o Marcelo Tas escreveu sobre a morte de um ser humano, negro, pobre e honesto. Aqui no Brasil, ou me parece no planeta Terra, as pessoas estão enlouquecendo em torno da segurança. Uma segurança aparente, inexistente porque fere mais do que o físico: fere a alma, cheia de marcas de um passado condenado pelo desrespeito e por um presente de preconceito. "antes ele do que eu". e essa máxima vigorando...
Sinto informar: não estaremos a salvo e seguros nunca. nem meus filhos nem os seus e nem os deles. o filho do alberto tem apenas cinco meses e essa marca de vida. se ele se revoltar um dia, total apoio.
Não estamos a salvo. A dor e o medo são inexoralvelmente internos. E assim hão de ser.
confiram o texto:
Nota de repúdio e indignação Marcelo TasA Casa do Zezinho está de luto. A ONG Casa do Zezinho mostra seu profundo repúdio e indignação. Um dos seus filhos queridos, o jovem Alberto Milfont Jr, (23), foi barbaramente assassinado dentro das Casas Bahia na Estrada de Itapecerica por um segurança terceirizado, que trabalha nessa instituição, na segunda feira por volta das 16 horas. O segurança, em sua defesa, alega que agiu assim porque simplesmente o jovem estava mal vestido.O jovem Alberto, mal vestido, morre com a nota fiscal, com comprovante de compra nas mãos. Enquanto aguardava dentro da loja, “roupa de trabalhador”, sua esposa Darilene (22) voltava do caixa aonde fora pagar a prestação da compra de um colchão. Foi abordado pelo assassino, terno preto. Depois de um bate boca ligeiro o segurança saca da arma e atira à queima roupa. O jovem tomba sem vida.Suas últimas palavras: Sou cliente, não sou ladrão!”. A partir daí se calou. Calou da mesma forma como estamos calados, sufocados há 400 anos. Que grande equívoco este país!Mal vestido, roupa de trabalho, é um sinal verde para o braço armado da sociedade, o assassino pago para atirar. Alberto deixa esposa e um filho de 5 meses. Alberto deixa morta a remota esperança de milhares de jovens brasileiros. Estudar pra que? Trabalhar pra que? Ser honesto pra que? Brasileiros alfabetizados, respondam honestamente essa pergunta!O menino brincalhão, comprido e de pernas finas entrou para a Casa do Zezinho aos 10 anos. Sua turma do Parque Santo Antônio já estava todinha ali. Vai ser muito legal, ali vamos nos divertir para valer. O jovem deixa excelentes recordações em toda nossa comunidade, onde permaneceu como um membro muito querido até 2003. Estava de casamento marcado com a jovem Darilene, com quem tinha um filho de apenas 5 meses. Suspeita e pobreza sempre juntas na nossa história. Nenhum (a) jovem “mal vestido” (leia-se moreno, pardo) da periferia ousa sequer pisar num shopping de grife da cidade sem levantar as mais alarmantes suspeitas. Nenhuma placa, nenhum sinal explcita essa indesejabilidade, como faziam com os negros os norte-americanos. Diferentemente dos americanos, aqui o jovem da periferia já traz gravada na carne, na alma, essa interjeição.Nenhuma revolta, nenhuma vingança organizada. Nada que a sociedade deva se preocupar. Apenas o destempero de um segurança idiotizado, uma peça para reposição. No Cemitério São Luiz o murmúrio surdo da mãe e da jovem esposa.Dentes cravados, os jovens cabisbaixos que acompanham o enterro trazem o sangue nos olhos. – O mano Alberto subiu! Com muita raiva seguimos com eles, solidários, para tentar preservar essa auto estimatão covardemente destruída desde o seu nascimento nas favelas.A vitória da morte exercida com eficiência certeira desde sempre no país pelo braço armado contratado pela sociedade dominante e pelos seus comparsas que dominam toda a estrutura de poder do estado.Pras Casas Bahia deixamos como lembrança o carnê saldado com a honra e a dignidade de um jovem trabalhador. Adeus mano Alberto! A Casa do Zezinho, há mais de 10 anos, é um oásis de cultura, educação, civilidade e afeto para 2 mil crianças na periferia de São Paulo. Localizada no vértice de encontro dos bairros Jardim Ângela, Capão Redondo e Parque Santo Antônio, a Casa oferece dezenas de oficinas culturais, além de apoiar os jovens na escola e na vida cotidiana. A maioria esmagadora deles não tem pai, poucos podem contar com a mãe, geralmente ocupada em lutar na cidade para levar algum dinheiro para casa, ou em muitos casos, afundada no alcoolismo.Mesmo com esse quadro duro, assustador, frequentar a Casa do Zezinho, com frequento como colaborador voluntário há mais de 5 anos, é uma grande alegria. Porque lá a gente aprende com o sorriso e garra das crianças. Quem vive do outro lado da moeda e acha que a vida é dura e injusta, pode tomar uma ducha instantânea de ensinamentos a um simples contato com um garoto ou garota da Casa do Zezinho. Todos eles são sobreviventes e vencedores de uma guerra dura e diária.Na última segunda-feira, essa ONG, que representa um verdadeiro DNA de ética e eficiência para o país, foi barbaramente atingida. Um de seus "Zezinhos" mais queridos, já grandinho, com 23 anos, lutanto para enfrentar a vida, agora como pai de família, foi estupidamente assassinado. O nome dele é Alberto Milfont Jr. Segue o relato indignado abaixo das educadoras da Casa do Zezinho, a quem eu presto aqui a minha total e irrestrita solidariedade. Convido cada um de vocês a ler o texto abaixo com serenidade e atenção. E, quem tiver meios e vontade, ajudar a espalhar essa notícia e seus detalhes. Quem sabe um dia ao invés de conviver com tamanha brutalidade, possamos apenas nos envergonhar de termos vivido, em pleno século 21, num país tão desigual quanto ignorante e injusto. http://marcelotas.blog.uol.com.br/arch2008-11-01_2008-11-15.html Em: 12 nov. 2008

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Vera Alice

E então que ela chegou na fazenda. Andou andou... No meio do caminho encontrou um cãozinho abandonado. Teve dó.
- Estamos na mesma, amiguinho?
E o novo companheiro foi junto de Vera Alice.
A fazenda era grande e da chaminé saía fumaça indicando que havia gente em casa. E o melhor: comida também. Vera Alice ficou feliz. Não comia uma boa refeição havia dias.
Mas Vera Alice andava também ansiosa. Muitos pensamentos, alguns distantes, outros próximos. Pensamentos que muitas vezes lhe faziam desistir do que estava tentando acreditar.
Se o caminho estava certo, isso ela já não sabia. Mas sabia que tinha que ir. E por sua marca no mundo.
Vera Alice estava cansada já. A estrada era longa de um tanto que a menina achava que nunca mais ia chegar. Lembrava-se de sua mãe na rede, seu pai no jardim e dos irmãos. O cheiro do pomar no quintal estava agora voltando lentamente, naquela saudade que só os humanos têm. E quis voltar para casa.
Andaluz, como ela resolver chamar o cãozinho, agora a acompanhava e sua frente estava a fazenda. Um lugar novo que ela teria que conhecer. Fazia parte do seu projeto de sair por aí e ganhar o mundo. Ou o mundo ganhá-la. Ainda não sabia.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

CAFÉ ESPACIAL #3

Está saindo do forno a revista Café Espacial #3. Com muitas novidades e um monte de coisas legais para degustar.
Quem quiser conferir, entra no nosso site:
Estará à venda em algumas lojas em Marília e em breve coloco os endereços aqui. Mas também enviamos pelo correio. Entre em contato pelo email:
cafeespacial@gmail.com e faça o seu pedido.
Logo estaremos lançando em Marília, Londrina e São Paulo, onde além do lançamento, receberemos o Troféu de Melhor revista independente pelo site Bigorna.
é isso aí.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Apenas uma vez

Assisti o filme "Apenas uma vez" hoje. Só pelas canções já vale, mas falar de uma história de amor fraternal, nessa velocidade, me fez acreditar.
O filme é divinamente bem feito, com direito a uma fotografia maravilhosa, misturada com músicas envolventes e uma história de amor, respeito e amizade além dos limites.
Foi apenas um final de semana junto que mudou a vida dos dois para sempre. As dores e os amores de ambos que lentamente foram se misturando, entrando um na vida do outro e assim conhecendo a alma através da música e da vontade de não ficar só.
Um filme que vale à pena ver, ouvir. E lembrar.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

CLUBE DE CINEMA DE MARÍLIA

Falar sobre o Clube de Cinema de Marília é um prazer. Ao conhecer a história do Clube de Cinema, mergulhamos na própria história da cidade. Assim, discorrer sobre esse assunto tão vasto e tão rico em acontecimentos faz com que entremos num túnel do tempo, caminhando por lugares hoje tão distantes, mas que outrora fizeram parte de uma geração encantada e ciente da importância da sétima arte.
Em 1952, em um Brasil tomado por uma aura desenvolvimentista e tecnológica, um grupo de amigos em Marília tentava instaurar na cidade um novo olhar sobre a cultura através do cinema, estudando imagens em movimento que se faria presente no dia a dia de uma população tão carente e ávida de novidades.
Roberto Caetano Cimino e alguns outros começam a participar de um movimento cineclubista que acontecia em todo o interior do Estado na busca por um espaço cultural que mostrasse mais do que a realidade pudesse oferecer, com qualidade e reflexão social. Daí surge a idéia de criar o Clube de Cinema de Marília.
A primeira exibição é feita em 16 mm com o filme A Dama de Shangai (1948) do então cineasta Orson Welles, o mesmo do famigerado Cidadão Kaine (1939). A exibição foi um sucesso e em pouco tempo, cópias em 35 mm começaram a se fazer presente nas sessões marilienses. Foi então que na segunda sessão os convidados assistiram O encouraçado Potenkin (1925) de Sergei Eisentein um clássico do cinema russo.
E esses jovens não pararam por aí: em 1960 organizaram o I Festival de Cinema de Marília e também o primeiro do Brasil. Dá para acreditar? Em pleno começo de uma era turbulenta como foi a ditadura, o Clube de Cinema de Marília enfrentou a realidade e promoveu festivais e discussões em torno da sétima arte de forma brilhante. E ao mesmo tempo, avassaladora. Os próximos festivais ocorreram em 1967 e 1969, sempre cheios de novidades.
Cineastas de várias gerações aqui estiveram: Luis Sérgio Person, Arnaldo Jabor, Roberto Santos, Hugo Carvana, Domingos de Oliveira, Sergio Ricardo (que nasceu em Marília), Nelson Pereira dos Santos, Bruno Barreto, Hector Babenco, Leon Hirzman, Anselmo Duarte e tantos outros. Além de atores como Eva Vilma, Carlos Zara, Leila Diniz, Reginaldo Faria e personalidades como Wladimir Herzog.
Enfim, uma riqueza de história para orgulhar qualquer cidadão, imagine então os marilienses.
Além dos festivais, ocorria paralelamente os Encontros Paulistas de Cine Clubes, os cursos de cinema, a informação através do jornal Curumim e a instituição do prêmio de cinema mais famoso do país: o prêmio Curumim em 1966.
Entre 1975 e 1988 as exibições em 35 mm foram minguando devido ao descaso com a cultura. Nada mais de festivais, apenas exibições e alguns poucos cursos que ainda eram promovidos pelo Clube de Cinema com a direção do grande Benedito André, o seu Dito, que cuidava, como se fosse seu, jóia rara, do Clube de Cinema.
O clube decai em qualidade e atuação justamente pela falta de incentivo. A professora Regina Morales assume o Clube depois da morte do seu Dito fazendo o que pode e com os recursos que tem para que o Clube não parasse de funcionar. Entre exibições para escolas, debates e uma programação que se prima em oferecer filmes dos mais variados países e culturas, Regina tem feito o que é possível para manter essa instituição ainda de pé.
Em 12 de outubro de 2008, o Clube de Cinema de Marília completou 56 anos de história entre alegrias e tristezas. Uma história marcada pela perseverança de alguns e descaso, desconhecimento e descomprometimento de tantos outros.
Claro, não podemos culpar uma sociedade que não se interessa por cultura num país como o Brasil, onde pouco, ou quase nada, ainda se investe nisso. Por isso, acredito que iniciativas como a 1° Mostra de Cinema de Marília são louváveis e devem ser aplaudidas.
Devemos reconhecer, entretanto, que uma 1° Mostra como essa deve ser o pontapé inicial para uma nova fase do Clube de Cinema em Marília e para a própria cultura da cidade. O acervo, como vocês devem saber, está numa salinha no final do corredor, lugar onde parece estar indo toda a cultura em uma sociedade que não preza o valor histórico dos fatos. Poucos têm conhecimento da riqueza que é preservar a história e o acervo desse Clube.
Alguns “desbravadores” ainda insistem em cuidar do que existe, remando algumas vezes contra a maré e tentando preservar a memória do Clube de Cinema para que seus filhos, netos, bisnetos e toda uma sociedade possam vir a conhecer e pesquisar o que um dia existiu em Marília.
Sendo assim, acredito que só a cultura e em seu seio mais forte aqui, o cinema, pode salvar uma sociedade carente de refletir sobre si mesmo e sobre a realidade em que está.
Façam da cidade de vocês um lugar melhor. Mas não fiquem reclamando apenas: descruzem os braços, saibam o que está acontecendo, cobrem do poder público novas iniciativas e tenham novas idéias para melhorar a cidade em que vocês estão.
Façam cinema. Façam história.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Noel, o poeta da vila

Assisti o filme "Noel, o poeta da Vila", segunda-feira, aqui no Sesi. Era uma dia muito chuvoso, o céu estava carregado de nuvens e uma garoa fina cobria a cidade. Achei que só teria duas pessoas na sessão. Estava enganada: Noel levou uma galera ao cinema.
Bom, para começar a excelente fotografia do filme, com imagens maravilhosas da Vila Isabel (que não conheço, mas um dia...) e das personagens mais famosas da época. Os bares, as pessoas e a boemia.
Rafael Raposo, o intérprete do Noel, estava perfeito. Me lembrei das noites em PG nos bares onde o Cabide tocava Noel e o Luciano (Perereca) fazia o cara direitinho! rs noites muito legais, regadas a música e bons amigos.
enfim, voltando ao filme: Rafael interpreta um Noel divino, em crise com um mundo que não sabe acolher os grandes gênios que aqui estão. Ele fuma e bebe compulsivamente. Para esquecer Ceci, interpretada por Camila Pitanga? Talvez, mas também para esquecer a tuberculose que lhe atacava a vida.
Olha o que Noel escreve para o seu médico quando estava em BH tentando se recuperar:
Já apresento melhoras,
Pois levanto muito cedo
E deitar às nove horas
Para mim é um brinquedo.
A injeção me tortura
E muito medo me mete,
Mas minha temperatura
Não passa de trinta e sete!
Creio que fiz muito mal
Em desprezar o cigarro
Pois não há material
Para o exame de escarro!
Noel foi um grande poeta e o filme retrata tudo isso. Saí da sessão encantada, não só com o filme, mas com o tanto de gente que foi ver. Ao buscar mais informações achei um texto que dizia que Noel ilustrou com suas canções vários filmes, desde a Atlântida quanto o cinema marginal.
Em uma organização do acervo do Clube de Cinema, achei um cartaz do filme "Perdida" de 1975, que tem a trilha sonora com a música "Quem Dá Mais?" (1932), na voz do próprio Noel Rosa. Essa música "ilumina" a cena, mas, bom, "(in)convencional" do filme...rs
Enfim, Noel é pra ver, ouvir e estudar. Gostar mesmo.
Parafraseando o doc "Cartola, música para os olhos" de Hilton Lacerda e Lírio Ferreira, que também amo de paixão e também tem a direção de arte do grande Claudio do Amaral Peixoto, diria que Noel Rosa é música para os olhos também. E para a alma.

sábado, 4 de outubro de 2008

Vera Alice, o vento e a chuva

E foi então que Vera Alice saiu debaixo da árvore em que estave com o passarinho que voou com o seu segredo e pensou:
- Preciso ver onde vai dar um novo caminho...
E avistou, ao longe, uma estrada de terra vermelha batida, com vegetação rasteira ao lado e galhos retorcidos. Acreditou que dali para frente, onde a estrada daria, ela encontraria um lugar para passar a noite. e andou.
Seus sapatos marrons já estavam vermelhos e desgastados, seus cabelos molhados de suor de tanto andar e seus sonhos quase indo por terra abaixo quando avistou uma porteira.
- Deve haver aqui alguma fazenda, uma casa, um celeiro. Vou entrar...
E foi então que ao abrir a porteira avistou cavalos e gados pastando. O sol estava se pondo e naquela paisagem distante, Vera Alice pensou mais uma vez que iria morrer, ou que não passaria daquela noite. Apesar de estar feliz vendo o Sol se abaixar e beijar lentamente o horizonte, Vera Alice não estava vendo um futuro para ela ali.
Andou mais um pouco e avistou o curral. Parou. E mais que de repente uma chuva fina, depois um tanto mais forte começou a cair. O céu que estava escuro, clareava com os trovões e os raios. E a calma daquele pôr do Sol se transformava agora em uma ventania sem tamanho.
entrou no primeiro celeiro que encontrou e fechou a porta. rezou e pediu que fosse apenas uma tormenta, daquelas que a gente também tem quando está em crise. E adormeceu.
Sonhou que voava e que conseguia sentir alegria.
contudo, um barulho na manhã seguinte a acordou. Mas para ela o sonho estava apenas começando...
- Essa chuva que veio lavou tudo. Acho que limpou minha alma e meus pensamentos. O dia está claro, mas acho que ainda tenho tempo para sonhar...
E fechou lentamente os olhos.
Para ela, o barulho maior estava dentro dela e batia agora num pulsar sereno.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O tempo

Bem provável que todos nós tenhamos a mesma sensação de angústia acumulada por um esgotar de tempo. Daquele tempo do relógio, minuto a minuto, onde não vai dar tempo de fazer nada e ainda temos tudo por fazer.
Os tempos são diferentes...Diferentes porque para mim, o tempo requer...tempo. E é o que menos eu tenho tido. Tempo para refletir, pensar mesmo no dia a dia. Aqueles momentos em que paramos para olhar o nada e pensar em tudo. é disso que falo.
Mais raro ainda é parar e perceber o outro. Olhá-lo com mais calma. E para si mesmo também.
E ainda assim a vida vai. Ou se esvai. E espero que fiquem os momentos tranquilos disso tudo, desse rodamoinho...

Across the universe

já havia ouvido falar do filme, mas não tinha assistido ainda. Não sei o que mais me chamou a atenção: a história, a trilha sonora, o contexto, as imagens lindas e bem fotografadas, o amor ou a saudade.
e não é uma saudade comum, daquelas que a gente pode ligar. é daquelas que apertam o peito, porque é uma saudade mal acontecida. Como assim? explico.
Nostalgia mesmo. Ou saudade, vá lá. Vou dar o nome que eu quiser.
Jude encontra Lucy e eles se apaixonam perdidamente. Lucy se apaixona também pelas causas sociais, enquanto Sadie detona musicalmente. A guitarra de Jo-Jo eleva-se e o que pode ser afirmado é que nós não nos jogamos mais. Em nada. No sentido de sentir a dor em si, abandonar o medo e seguir em frente.
Assiti o filme com mil pensamentos, pensando em mil coisas e em algumas pessoas.... e em uma em especial. Se existe um mundo possível ainda, mesmo que dentro de nossas mentes, seria justo que o mundo rodasse e rodasse e rodasse. E as chances voltassem e o medo partisse junto. Mas acho que os meus erros são parte da minha vida e têm uma marca profunda naquilo que podemos chamar de "experiência", ou melhor, de "tempo".
Across the universe é Beatles puro, numa emoção contagiante. Tanto de alegrias quanto de tristezas. As músicas embalam momentos e histórias de maneira única. e o filme tem ainda pegadas clássicas de Yellow Submarine. dá vontades de empurrar os móveis e dançar, cantar. E viver. intensamente.
Yeah, Strawberry Fields Forever...

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Vera Alice e a angústia

e então que depois do abraço da velha senhora, Vera Alice saiu mundo afora, num caminhar lento, mas constante.
em uma de suas passagens encontrou um passarinho ferido no chão. o pobrezinho estava ali, perdido, com a asa torta.
- você com a asa torta e eu com a alma....estamos bem, hein coleguinha...
Vera Alice o abraço e o colocou em sua bolsa. Procurou um bom lugar para sentar, pelo que me disse, era uma árvore daquelas grandes e fortes com um espaço entre as suas raízes que saltavam para fora da terra.
A menina se acomodou ali e começou a conversar com o passarinho. contou da vida, dos problemas e das soluções que achou que tinha para alguma coisa.
- é difícil conversar, passarinho. os homens não páram mais para prestar atenção.
e falou e falou. Na verdade, Vera Alice parecia estar angústiada com algo muito distante, que por mais que não pensasse, teimava em vir em seus pensamentos. Seriam devaneios?
- não, os devaneios sempre me trazem de volta para o chão. são angústias feridas e contidas mesmo - disse a menina.
e contou para o passarinho porque saiu de casa e foi tentar encontrar o mundo. ou andar para que o mundo a encontrasse.
e só o passarinho soube o motivo...mas ninguém.
e então ele cantou. e saiu voando longe...
Vera Alice estava sozinha de novo.

O mundo é um moinho...

Tem uma música do Cartola que eu adoro que se chama "O mundo é um moinho" e toda vez que me lembro dessa música eu penso no tanto que meus sonhos são mesquinhos e, sei lá, mortais.
Tenho tantas vontades e desejos de engolir o mundo inteiro, de conhecer tudo, encontrar todos, ver filmes, livros e amigos sem fim que quando me deparo com a parte:
"Ouça-me bem amor
Preste atenção o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões à pó"
vejo que o importante da vida mesmo, é viver bem. Não no sentido de ter dinheiro, mas de viver a cada instante como se fosse único. E o pior é que é.
Tantas guerras, fomes, mortes, falta de água, de comprometimento, de engajamento e de consciência social que juro sentir que meus sonhos são realmente mesquinhos.
Bom, que sejam. E que a consciência me faça o favor de me alertar quando eu estiver com os dois pés apenas no sonho. A realidade é que nos faz humanos. Verdadeiramente.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Luzes da Ribalta

Mais um filme maravilhoso do Chaplin. Eu já havia assistido Luzes da Ribalta (1952) antes, mas a força do genial chaplin me vez voltar e repetir algumas doses desse filme divino sobre força, amor, amizade e vontade.
Nesse filme, há um Charles Chaplin falante, mas que não perdeu a graça nos gestos, no jeito e no olhar humanizado sobre o mundo.
Calvero é o palhaço esquecido, talvez que se esqueceu de si mesmo na verdade, que ao salvar a bailarina Terry acabando sendo salvo também.
- Mas Calvero, a vida não tem mais sentido...
- A vida é desejo e não sentido...
Chaplin. Na veia. Um filme que merece ser visto e revisto. Várias vezes.

domingo, 28 de setembro de 2008

Vladmir Herzog e o Clube de Cinema de Marília

WLADIMIR HERZOG
Filósofo, jornalista da TV Cultura, Professor da USP e apaixonado por cinema.
*27/06/1937 OSIJEK
*25/10/1975 BRASIL
FOI PRESO, TORTURADO E ASSASSINADO NO DOI-CODI/SP.
MOTIVO: PENSAR. E ACREDITAR NO CINEMA E NA CULTURA COMO “UM ATO DE ABNEGAÇÃO”.
Estamos organizando o acervo do Clube de Cinema de Marília. Só que mais legal do que organizar, é mergulhar na história do cinema, de um cinema distante, 1950, cheio de sonhos, idéias e projetos.
Estamos descobrindo muitas coisas legais. E interessantes.
Uma delas foi o livro de ouro do Clube onde há assinaturas de dedicatórias de vários cineastas e apaixonados por cinema.
um deles, que mais me tocou, foi d Herzog, alguns anos antes dele morrer, assassinado, pelo Doi-Codi, em 1975. Todos já devem saber que Herzog era um apaixonado por difusão cultural, conhecimento e cultura. Mas esse texto, publicado originalmente no Estadão, merece destaque. Não apenas pelas palavras de carinho, mas sim por um exemplo de vida que acreditou na arte e na cultura.
Tentamos seguir a linha do cara. Um dia conseguiremos.
FAZER UM TRABALHO DE DIFUSÃO CULTURAL É UM ATO DE ABNEGAÇÃO. MAIS QUE TUDO, PORÉM, É UM DEVER DE TODO AQUELE PARA QUEM O CONHECIMENTO NÃO CONSTITUI APENAS MOTIVO DE VAIDADE PESSOAL. DÊSSE MODO, O CINECLUBISMO DEVE SER ENCARADO COMO UM MOVIMENTO DE CULTURIZAÇÃO DE MASSAS, E, DENTRO DÊSSE PONTO DE VISTA, AO QUE TUDO INDICA AO CLUBE DE CINEMA DE MARILIA CUMPRE UM OBJETIVO ESPECÍFICO. NÃO ME CABE FAZER ELOGIOS GRATUITOS, MAS DESEJO ASSINALAR MINHA ADMIRAÇÃO POR TER ENCONTRADO ENTRE VOCÊS GENTE QUE PENSA REALMENTE COM A CABEÇA, O QUE ENTRE NÓS NÃO É TÃO COMUM QUANTO PARECEM FAZER CRER OS OTMISTAR INGÊNUOS.
CONTINUEM. CONTINUEM E SE APERFEIÇOEM. QUERO DIZER: AO LADO DA DIFUSÃO DE FILMES – TAREFA BÁSICA, MAS NÃO ESSENCIAL – PROCUREM AOS POUCOS PASSAR PARA A ATIVIDADE DINÂMICA, A ÚNICA QUE ESTÁ APTA A MANTER VIVO O INTERÊSSE COLETIVO POR UMA ARTE. FAÇAM FILMES. BONS E MAUS. EM 8mm E 16 mm. COM OU SEM SOM. MAS FAÇAM. COMECEM JÁ. CRIEM UM GRUPO INTERESSADO QUE DESENVOLVAM OS TRABALHOS COM BASE EM TROCAS DE IDÉIAS. INTERESSEM-SE E USEM OS SEUS PROBLEMAS.
NÃO ESPEREM RECOMPENSAS. PROCUREM SOMENTE COMUNICAR CLARAMENTE UMA IDÉIA ÚTIL. É DE IDÉIAS QUE PRECISAMOS: EM CASA, NA ESCOLA, NA CIÊNCIA, NA POLÍTICA. TAMBÉM NO CINEMA.

dos demônios e das divindades

"ao avistar, lá longe, que havia uma luz piscando muito, ela parou. se abaixou e pediu baixinho que fosse um sinal. na verdade, era que o dia estava já raiando e ainda restava muito a fazer".
Se todos tomassem conhecimento que o que nos habita é o que nos exorciza, teríamos um profundo saber que iria permear todo o nosso corpo, mente e principalmente a alma. Naqueles momentos menos sóbrios de lucidez, uma verdade inconstestável apareceria como um passe de mágica e pronto: saberíamos dali por onde seguir.
Mas nem sempre sabemos se devemos continuar seguindo, ou se seguimos o que restou de alguém ou de algo. Escreve-se para exorcizar os fantasmas, mandar embora as ameaças e finalmente, ver que o que vem é a luz divina do dia. Pura e sábia como um dia inteiro que ainda temos para pintar...
Os demônios não necessariamente são os que nos atormentam, mas sim aqueles que nós mesmos atormentamos ao não nos reconhecer enquanto seres humanos, passíveis dos sentimentos mais mequinhos e sórdidos de que se tem notícia.
"ei menina, pode sentir raiva sim. pode sentir ódio também e vontade de matar".
"isso em qualquer momento?"
"sim. não tem hora para vir. sinta-se humana. demasiada humana, como diria nietzsche".
ufa. divino isso.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Vera Alice e a solidão

Despedaçada, Vera Alice andou pelas ruas. Sozinha, como sempre haveria de ser. Entrou em uma casa antiga, feita de madeira, daquelas onde as janelas ainda davam para a rua.
A estrada parecia ainda ser muito longa.
Entrou e encontrou uma velha senhora sentada. Com um gato no colo. A senhora sorriu gentilmente e ao ver a expressão de Vera Alice, lhe perguntou:
- ei menina, quer algo? um copo de água?
mas foi então que Vera Alice pediu algo incomum num mundo como hoje:
- eu gostaria de um abraço...
Para ela, a sede era outra. E seus olhos se fecharam ao sentir o carinho da velha senhora.

O TEATRO MÁGICO

Descobri O Teatro Mágico. Mas acho que na verdade, eles que me descobriram. O teatro, a dança, a música, a arte...é tudo mágico. O show aqui na semana passada foi fantástico. Em breve, a entrevista e as fotos na edição #3 da revista Café Espacial. A foto é da Paula Mello, a fotógrafa da revista...o Serginho e eu fizemos a entrevista. http://www.cafeespacial.com/ "Os opostos se distraem Os dispostos se atraem"