sábado, 10 de dezembro de 2011

Cores

Foi quando as mãos se transformaram em dois pincéis. Desses pincéis grandes, cheios de cerdas. Não havia controle dos braços. As pernas, os movimentos e a mente agoram seguiam outro ritmo, outro sentido. Pintava as cores que apareciam nos pensamentos.
E ia pintando sem parar pelos espaços vazios que preenchiam a falta cheia que tinha dentro de mim. Ia pintando as paredes. E havia uma parede minha. Só minha.
A parede que permeava o mundo.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Vida

bom, estou indo agora. Não sei quando vamos nos ver de novo.
A vida tem dessas né? Cheia de surpresas. Em um momento estamos todos juntos e depois, nada mais se sabe.
é por isso que quando eu era criança, o que eu mais gostava era quando gente viajava para a casa da minha avó. era longe para uma criança (três horas de carro) contadas em ver o verde que seguia, as histórias que meu pai e minha mãe contavam na ansiedade de poder comer o franguinho com macarrão e tomar sorvete na sorveteria da cidade da minha avó.
a gente ia e voltava no mesmo carro. todo mundo junto. e naquele momento eu tinha a impressão de que nada, nada de ruim poderia acontecer comigo nem com a minha família. eu me sentia protegida no caminho de carro. era como voltar para o lugar mais seguro do mundo.
E de repente a gente tem que ir embora, assim, sem mais nem menos. E não se sabe para onde a gente vai, onde a gente chega. é como se tivéssemos uma missão guiada por algo, por alguém por alguma luz.
eu vi aquela foto cheia de luz, eu olhando para aquela luz.
e então eu a segui.
não fiquem tristes, não chorem.
estarei bem onde eu for e olharei e pedirei a cada manhã e a cada noite que protejam as pessoas que eu amo e também as que não conheço. e que o meu caminho seja de luz.
é isso. vou pedir isso para o natal desse ano e dos próximos: seguir com fé o caminho. seja lá qual for.
eu penso que a morte é algo muito relativo, mto. por isso que me dói toda vez que vejo alguém agindo com estupidez, com a falta de noção.
muitas vezes o que a gente precisa é apenas um colo e não uma lição de moral. muitas vezes o que a gente precisa é apenas voltar de onde a gente saiu e reencontrar tudo aquilo que deixava a gente mais em paz do mundo.
se eu pudesse morrer bem velhinha, numa cama ou bem nova, se eu tivesse tempo antes de morrer, eu diria: deixem as pessoas serem livres para serem quem quiserem. problemas graves são doenças, o resto, a gente dá um jeito. não surtem com o que não precisa.
vejam apenas que as pessoas precisam seguir o rumo de suas próprias luzes. saibam dar colo, mesmo que não sejam seus filhos. saibam olhar, mesmo que a pessoa não esteja te vendo e principalmente saiba ouvir e compreender, sem surtar.
a vida passa muito rápido pra tanta hipocrisia, tanta religião e tanta coisa pouca.
se eu pudesse dizer isso, eu diria. mas não dá. porque eu já fui.
então fica o meu protesto de dizer que quero que sejam no mínimo felizes e quando não o forem, que todos tenham o direito de ter um colo pra sentar.
mesmo que esse colo esteja distante e mesmo que quando parecer estar perto e estiver distante mesmo assim que saibamos perdoar.
a gente não sabe o nosso tempo, então vamos fazer o melhor.
e quando derem o melhor sorriso do mundo, lembrem-se de mim.

*para alguém que eu não tive tempo de conhecer, mas que soube admirar mesmo à distância.