terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Vicky Cristina Barcelona

Fui assistir o novo filme do Woody Allen, "Vicky Cristina Barcelona", um filme que não pode deixar de ser visto, você gostando ou não da obra do Woody. Concordando que o filme é bom ou não, o que não podemos deixar é de aprender com as personagens desse filme intenso e delicioso de se compreender. Vicky e Cristina são amigas e estão em Barcelona, Vicky estuda para o mestrado e Cristina pra tentar se encontrar. Vicky está noiva de um americano previsível e Cristina está noiva das oportunidades que a vida lhe oferece. Quando menos esperam, Juán Antonio lhes oferece um final de semana numa cidadezinha ao redor. É quando as duas se deparam com seus conceitos, afirmações e verdades que ambas acham que seria eterno. E também quando conhecem Maria Elena a esposa enlouquecida de Juan Antonio, numa atuação primorosa de Penélope Cruz, que parece fazer jus ao que podemos chamar de "cinema".
Vale à pena conferir...
TRÊS FILMES ESSENCIAIS DE WOODY ALLEN (NA MINHA OPINIÃO)
Noivo neurótico, noiva nervosa (1977)
Nesse filme, Woody Allen nos convence de que os relacionamentos são inevitáveis por sermos humanos. E também a dor, as discussões e as separações. E que é preciso ter amor suficiente para passar por cima de tudo e continuar junto. Amando nesse caso, mais os defeitos, do que as qualidades...
A Rosa Púrpura do Cairo (1985)
Uma alegoria da própria magia do cinema. Woody apresenta aqui uma nova maneira de fazer um filme de amor e mágica. Misturando fantasia e realidade ele nos mostra que ainda é possível sonhar. Nem que for um sonho impossível. Porque nesse filme, só o sonho é capaz de fazer a realidade continuar a existir....
Match Point (2005)
Um dos melhores filmes de Woody sobre o drama humano da traição, da fúria, da loucura e do desejo. Entre o dinheiro, o amor de verdade e a paixão, a escolha pode pender para o pior lado. E mais: pode ser que a sorte acompanhe essa escolha. Ou não. É ver e gostar.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Carta de Natal

O Natal, com todos os seus conceitos mercadológicos, amargos e festivos, trouxe uma manhã cheia de chuva. que talvez regue a esperança. não tenho mto a desejar, só a agradecer. talvez a um Deus qualquer, de uma religião qualquer que saiba fazer os homens se ligarem novamente a essência divina. não no sentido católico, mas no sentido amoroso. peço licença pro Bernardo, (http://sobrenuvensefronhas.blogspot.com/), um amigo poeta sensível, que soube colher as palavras certas para desejar não um natal, mas um dia a dia doce. um beijo, Be
... posso desejar praças, para as crianças que não as têm. Um mundo com mais praças não pode ser pior.Desejarei, a todos, que sejamos mais sofisticados. Sim, isso mesmo. Não de jeito, mas de moral, de conduta, na hora de lidarmos com os outros.
E desejo que lembremos que nós também somos outros. Que não sejamos morcegos histéricos e cegos, nem robôs simiescos portando bugingangas complexas e mortais.Desejo mais razão, a mesma que foi descoberta séculos e séculos atrás, que insistentemente parece que a ela somos refratários...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

SHIKO

Descobri um artista plástico fantástico ontem...
Shiko...
vale à pena....

http://www.flickr.com/photos/derbyblue/page2/

MAUS

Para que serve uma guerra? Além de traumatizar gerações e enraizar sofrimentos e perdas, não acredito que sirva para mais nada. Quem viveu, ou melhor, sobreviveu a uma guerra, sabe bem disso, ainda mais se houve perda de parentes e amigos. Dizem que muitas pessoas tornam-se apáticas, perdem o gosto pela vida depois de passar por uma guerra. E o dom de transformar a dor em arte é para poucos.
Artie Spiegelman (nasceu em Estocolmo em 1948 e foi para os EUA com a família em 1951) soube como ninguém usufruir de uma tragédia para criar um épico. “Maus memorializa a experiência do Holocausto vivida pelo pai de Spiegelman, Vladek.
Acompanha sua história, quadro a quadro, desde a juventude e o casamento na Polônia de antes da guerra até o confinamento em Auschwichz. A história de um sobrevivente criada por Spielgelman é crua e sem embelezamentos. Um dos clichês sobre o Holocausto afirma ser impossível imaginá-lo. Como a guerra nuclear, seu horror ultrapassaria a imaginação artística. Spielgelman prova que essa teoria está errada”. Independent
E que trabalho fenomenal Spiegelman fez! Lá pelos idos de 1970 ele começa a escrever o livro Maus (ratos em alemão) visualizando o que foi a II Guerra Mundial na óptica de seu pai Vladek, um judeu que esteve preso nos campos de concentração de Auschwichz.
Mas Spiegelman não escreveu um livro sobre a guerra apenas. Fez, a partir das vivências e histórias contatadas pelo seu pai, um livro em quadrinhos (veja bem, inteiro em quadrinhos) sobre as tragédias, desgraças, desespero e esperança que caminhavam de mãos dadas em Auschwichz.
O jornal Washington Post escreveu na contracapa do livro Maus que o meio escolhido não poderia ser outro: e isso é a mais pura verdade. As seqüências parecem um filme e não capítulos de livros, ora sensíveis e comoventes, mas na maioria das vezes parecendo que estamos dentro de uma película de terror.
Para fazer esse trabalho, Spiegelman não mediu esforços. Originalmente, o livro foi feito em séries e publicado aos poucos na revista RAW (famosa revista de quadrinhos e artes gráficas de vanguarda editada pelo próprio autor), sendo posteriormente transformado em livro. Vá lá que só isso já seria uma louvável atuação, ou melhor, contribuição para a história do mundo, mas o autor subverteu ainda mais o leitor, transformando seus personagens em animais. Antropomorfizando as pessoas, raças e etnias.
Para explicar a escolha de Spiegelman em retratar as pessoas como animais, diz-se que essa é de acordo com algumas publicações; “uma técnica familiar em desenhos animados e em tiras de quadrinhos e foi uma tirada irônica em relação às imagens propagandistas do nazismo, que mostravam os judeus como ratos e os poloneses como porcos. A publicação na Polônia teve de ser adiada devido a este elemento artístico”.
- Não somos porcos! – bradavam os poloneses. Mas Spiegelman explica: - Os porcos têm boa reputação com os americanos por causa de programas de TV como: Miss Piggy e Pork Pig – dizia o autor.
Os judeus são ratos e os alemães gatos. Nada mais justo e certo do que isso. Os americanos, naquela loucura intensa de competição, são cachorros que correm ferozmente atrás dos gatos da velha Europa.
Ainda outras raças são retratadas como animais: os franceses são sapos, poloneses são os porcos (como já foi dito), os suíços as renas, os ursos são russos e os britânicos são peixes. Ufa, é animal que não acaba mais! E todos demasiadamente humanos, como dizem vários críticos.
No primeiro contato que você tem com o livro, fica um tanto quanto complicado decorar que quem é cada animal, contudo, Maus é tão denso e com um roteiro tão alinhado e bem desenhado que a gente acaba querendo decorar de uma vez para não perder o fio da história.
O autor passou por situações que estão ali retratadas de diversas maneiras: nasceu em 1948 e em 1951 foi para os EUA com o que sobrou da família depois da guerra. Seu pai sobreviveu ao Holocausto devido à inteligência que possuía, mas carregou consigo neuras e manias daquela vida magra e desumana que levou.
Spiegelman não tinha um bom relacionamento com o pai porque Vladek queria que Artie fosse dentista e não artista (olha o que o mundo ia perder se ganhasse mais um dentista!) e também pelo fato de que Artie não aceitava o suicídio da mãe.
Isso é bem retratado ao longo dessa fantástica história em quadrinhos. Sua mãe, Anja, se suicidou pouco tempo depois de ir para os EUA. Imaginar o que essa mulher passou em Auschwichz justifica um tanto quanto suas ações.
Richieu, o irmão mais velho de Artie, morreu na guerra com pouca idade envenenado por uma tia que não queria vê-lo no campo de concentração. Essa forte ligação entre Artie e Richieu, o irmão morto que ele não conheceu, também é retratada no livro diversas vezes, com a foto original de Richieu nas imagens em falas e lembranças do velho Vladek.
O livro poderia ser considerado apenas mais uma contribuição para a história do mundo, mas por ser tão bem elaborado, Maus pode ser referenciado como uma obra de arte em vários campos de atuação, desde história até desenho e cinema, se considerarmos suas técnicas e artifícios.
Em alguns momentos, a ilustração é de tamanha expressão que fica até difícil de ver e não se emocionar e não se reconhecer ali. Como no reencontro de Anja e Vladek ou a morte dos amigos próximos (por fome e maus tratos) em Auschwichz.
Lendo Maus a gente aprende não só história como também a respeitar e conhecer o outro, além de se surpreender muitas vezes torcendo por determinadas personagens, se emocionar e se colocar no lugar do próximo, imaginando aquela situação desoladora com sua família ou com você mesmo. Enfim, um pesadelo.
Dessa forma, ler Maus é obrigatório. Um presente para quem quer conhecer a história do mundo. Deveríamos aprender isso na escola.
Assim, aqui vai uma dica para quem vai conhecer MAUS pela primeira vez: cuidado ao ler o livro antes de dormir. O efeito causado é de uma reflexão sem tamanho. E mesmo quando seus olhos quiserem fechar, você vai ficar bravo consigo mesmo por não conseguir terminar de ler aquela página, ou aquele capítulo...
Além do que, o livro provoca na gente indigestão e insônia que fazem com que escutemos uma dupla que pouco trabalha junto nos dias de hoje: o cérebro e o coração...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

De volta aos clássicos

em momentos raros, quando o coelho da Alice não está encarnado, procuro filmes que são de outro tempo. Sim, de outro tempo, daquele tempo distante, onde não havia internet, nem orkut, nem nada. Pouco ou quase nada, máquinas de escrever.
Como é que os caras conseguiam fazer aquilo sem tanta condição de estrutura? Sim, porque hoje, com tanta coisa, tanto aparato andam fazendo cada besteira no cinema que até Deus duvida...
enfim. Havia um filme que há muito queria ver. Sabrina (1954 - Billy Wilder). Já havia pego o filme na locadora algumas vezes, mas nunca dava tempo de assistir, e para ver Audrey Hepburn dirigida por Billy Wilder há necessidade de tempo. E estou com ele me apertando a todo momento.
Resolvi dar um tempo e ver essa obra prima em alguns momentos de hoje. Sinceramente, um dos melhores filmes de romance, comédia, relacionamento e criatividade que já vi. Audrey como a cinderela às avessas está perfeita, Humphrey Bogart como o Linus, o irmão bravo e mergulhado em trabalho para esquecer a vida sentimental é a própria realidade de hoje. A fuga pelas brechas de que não podemos nos apaixonar. Não há tempo para isso.
Linus também acreditou nisso. Mas encontrou Sabrina. Que amava David (William Holden). E nessa ciranda, nessa quadrilha "a la drummond" um cenário incrível de personagens, fotos, imagens, figurinos, idéias e paixão vai surgindo.
dá vontade de terminar o filme e ligar para o Billy Wilder lá no céu (ou no inferno) e dizer que depois de Crepúsculo dos Deuses (1950) ele detona nesse filme:
- ei Billy, arrasou hein? tá humilhando os caras...
- ah, nem tanto, Lídia...
- tá sim...
Valeu Billy Wilder. Cinema é cinema.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

O Beija-Flor

E de repente lá estava ele...com uma classe que só ele tem, uma doçura e uma leveza características de quem deixa a vida ser vivida. Aproveitando os momentos doces de cada dia.
Enquanto eu caminhava de volta para casa, uma árvore carregada de flores amarelas convidava o pequeno beija-flor a beijá-la. E ele ia, uma a uma das flores, para que não houvesse ciúme.
Ele não me viu e eu fiquei a observá-lo por alguns instantes, nesses segundos raros em que a vida presenteia a gente com um final de tarde maravilhoso, calmo... e leve como um beija-flor....

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

ANKITO

texto publicado no blog:http://cinemarilia.blogspot.com/
Em alguns trabalhos realizados no acervo do CCM, me deparei com uma foto, com dedicatória para o clube de cinema de Marília em 1954, de um cara que eu não conhecia...D. Eleonora estava por perto e me disse, "Esse é o Ankito"! Ankito, fui procurar saber quem era o cara... e hoje, no Canal Brasil passou alguns filmes do Ankito! o "É fogo na roupa" de 1952 passou hoje....mas que interssante! é um dos grandes caras da Chanchada, contracenou com Grande Otelo , atuou com ele em vários filmes, foi artista de circo...um cara extremamente rico culturalmente,.... aos 84 anos, Ankito ainda está trabalhando, em novelas e etc... seria muito bom que todos conhecessem!
NOME ANKITO: Oscarito (Oscar) e Ankito (Anchizes) - palhaços de circo, o Oscarito chegou antes e como eram mto bons, foram comparados com o nome também...e o nome pegou! rs
link: http://www.funarte.gov.br/canalfunarte/ (entrevista do Ankito para o Rádio no Canal Funarte - ouçam! vale à pena!)
texto sobre a história do Ankito:
Ankito, nome artístico de Anchizes Pinto (São Paulo, 16 de fevereiro de 1924) é um ator brasileiro, considerado um dos cinco maiores nomes das chanchadas.De família circense, era filho do palhaço Faísca e sobrinho do famoso palhaço Piolim. Passou a atuar profissionalmente no circo aos sete anos de idade, no globo da morte.Onze anos mais tarde, passou a atuar em shows no Cassino da Urca, como acrobata, na época considerado um esporte, e que lhe rendeu cinco vezes o título de campeão sul-americano. Em seguida ingressou no teatro, substituindo por uma noite o ator principal da companhia, porém fez sucesso e permaneceu no elenco. Contracenou com Grande Otelo no show Bahia Mortal e, a essa altura, sua carreira já estava consolidada. Com o sucesso no teatro, em 1952, foi convidado para fazer três dias de filmagem no filme É fogo na roupa, mas o sucesso foi tanto que os três dias passaram a ser 39, tendo inclusive sido colocado o seu nome em primeiro lugar nos créditos do filme. Continuou a fazer shows pelo Brasil com uma companhia de vedetes, em clubes e cinemas, que sempre exibiam um filme dele antes de cada espetáculo.Protagonizou 56 filmes, todos recordes de bilheteria, entre eles Três recutas, Marujo por acaso, Um candango na Belacap, Rei do movimento, O feijão é nosso, O grande pintor, Angu de caroço, O boca de ouro, Sai dessa recruta e Metido a bacana, onde a dupla Ankito e Grande Otelo apareceu pela primeira vez. Em 1966, participou do filme em episódios As cariocas, de Fernando de Barros, Walter Hugo Khouri e Roberto Santos. Atuou também em O Escorpião Escarlate, de Ivan Cardoso e Beijo 2348/72, de Walter Rogério, ambos de 1990.Na televisão, participou de muitos programas humorísticos. Fez parte do elenco da TV Tupi, da Record e da Bandeirantes. Mais tarde, na Globo, além das participações nos humorísticos, fez parte do elenco das telenovelas Gina, com a Cristiane Torloni; Marina, com Edson Celulari e A sucessora, de Manoel Carlos. Em 2005, fez o personagem "Falecido", na telenovela Alma gêmea. Atuou também em inúmeras minisséries e participou da primeira versão do Sítio do Pica-pau Amarelo, onde fez os personagens "Soldadinho de chumbo" e o "CurupiraÉ casado com a atriz Denise Casais.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A menina e a madrugada

Achei esse texto do Oswaldo Montenegro (que um dia eu hei de conhecer)...
um texto lindo, uma carícia nos nossos olhos...
me lembrou os textos do Bernardo (http://sobrenuvensefronhas.blogspot.com/), que também são maravilhosos...
A menina e a madrugada
Oswaldo Montenegro
Da janela do quarto enluarada, a menina espia as sombras da manhã. O vestido esvoaça, o vento é leve, o silêncio acalanta. E quando às vezes o vento, em sussurro, vem de manso e dá carícia, ela sonha e agradece esse ventar. O cabelo é macio e cai no ombro, com jeito que acaba de acordar. Uma nuvem, uma estrela, e de repente se ouve ao longe o cantar do galo atento. Ela sonha e respira a madrugada. E se sente tomar conta da paisagem, sem anseio, apenas com a calma do ambiente. Ela pensa e a preguiça é o único sentimento. A fusão menina e madrugada é como uma nuvem em contato com outra. É perfeita e suave até um ponto em que se tem infantilmente o leve engano de que a menina é que está solta. E é quase o vento que acaricia, na janela, a própria madrugada.

A Mafalda vai voltar?

Essa notícia me pegou de surpresa...eu, sinceramente, amo a Mafalda de paixão, mas estou imaginando esse ser no mundo de hoje...
CIDADE DO MÉXICO, 30 NOV (ANSA) O desenhista argentino Joaquín Lavado, conhecido como "Quino", afirmou neste domingo que poderia voltar a desenhar historinhas da sua personagem mais famosa, Mafalda."Nunca se pode dizer nunca", afirmou Quino no segundo dia da Feira Internacional do Livro de Guadalajara. "Não posso dizer que nunca vou voltar a desenhá-la, não se pode saber o que vai acontecer no mundo".Quino minimizou a importância da personagem, dizendo que sempre se sentiu como um "carpinteiro" que fez "só um movelzinho"."Mafalda representa apenas 10 anos de minha carreira de mais de meio século", relativizou o desenhista argentino.Quino qualificou como "exagero" que Mafalda seja conhecida universalmente, mas reconheceu que a tira é muito popular na América Latina, na Espanha, na Grécia e em Portugal, "em geral, em todos os países onde houve uma ditadura". (ANSA)
Mafalda não veio ao mundo dos quadrinhos com a proposta de humor. Quino, (Joaquín Salvador Lavado) desenhou Mafalda na década de 1960 para uma loja de eletrodomésticos. Mas a personagem passou a ter vida própria e a refletir sobre a realidade que estava inserida. Ao invés de atrair clientes, Mafalda atraiu o mundo com seus pensamentos e sua linguagem ácida sobre os fatos políticos, sociais e econômicos que atingiam uma Argentina caótica e em plena ditadura. Nessa época, na década de 1960/70, toda a América Latina encontrava-se sobre o regime ditatorial e Mafalda criticou, falou e expôs suas opiniões através de metáforas humorísticas e humanísticas muito bem elaboradas, que ainda hoje tocam a realidade. Para termos idéia, uma das melhores amigas da Mafalda era uma menininha pequena e francesa chamada Liberdade com quem a personagem discutia e filosofava sobre a realidade da escola e do bairro em que vivia, em metáforas avassaladoras acerca do capitalismo e da ditadura que assombravam a realidade em que estava. Mafalda foi rebelde e contestadora. Corajosa também. Defendeu seu pensamento e se tornou real ao longo dos quase 10 anos em que foi publicada. Pensar, questionar, falar, discutir....Eis os verbos mais presentes no cotidiano dessa garotinha que ainda encanta gerações. Mafalda não é uma crítica de costumes, nem uma crítica social e política. Mafalda é a reflexão em pessoa, ou melhor, em personagem. Hoje, se ainda fosse publicada, teria mais de 40 anos, mas seus questionamentos são tão modernos que é impossível não rir e se reconhecer em suas tirinhas e em suas tiradas de alta intelectualidade. Mafalda é argentina, mas pode ser considerada cidadão do mundo. Personagem de histórias em quadrinhos, mas se fosse real, viraria ícone de várias gerações, assim como Jonh Lennon, figura pela qual Mafalda é fanática. Em um mundo onde os valores sociais estão invertidos, onde a palavra política poderia ser substituída por ganância e onde as pessoas desaprenderam a refletir, Mafalda torna-se uma lição de vida e audácia para todos que esqueceram que poderíamos ser mais do que somos e que poderíamos viver em um mundo melhor do que vivemos...