segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A Mafalda vai voltar?

Essa notícia me pegou de surpresa...eu, sinceramente, amo a Mafalda de paixão, mas estou imaginando esse ser no mundo de hoje...
CIDADE DO MÉXICO, 30 NOV (ANSA) O desenhista argentino Joaquín Lavado, conhecido como "Quino", afirmou neste domingo que poderia voltar a desenhar historinhas da sua personagem mais famosa, Mafalda."Nunca se pode dizer nunca", afirmou Quino no segundo dia da Feira Internacional do Livro de Guadalajara. "Não posso dizer que nunca vou voltar a desenhá-la, não se pode saber o que vai acontecer no mundo".Quino minimizou a importância da personagem, dizendo que sempre se sentiu como um "carpinteiro" que fez "só um movelzinho"."Mafalda representa apenas 10 anos de minha carreira de mais de meio século", relativizou o desenhista argentino.Quino qualificou como "exagero" que Mafalda seja conhecida universalmente, mas reconheceu que a tira é muito popular na América Latina, na Espanha, na Grécia e em Portugal, "em geral, em todos os países onde houve uma ditadura". (ANSA)
Mafalda não veio ao mundo dos quadrinhos com a proposta de humor. Quino, (Joaquín Salvador Lavado) desenhou Mafalda na década de 1960 para uma loja de eletrodomésticos. Mas a personagem passou a ter vida própria e a refletir sobre a realidade que estava inserida. Ao invés de atrair clientes, Mafalda atraiu o mundo com seus pensamentos e sua linguagem ácida sobre os fatos políticos, sociais e econômicos que atingiam uma Argentina caótica e em plena ditadura. Nessa época, na década de 1960/70, toda a América Latina encontrava-se sobre o regime ditatorial e Mafalda criticou, falou e expôs suas opiniões através de metáforas humorísticas e humanísticas muito bem elaboradas, que ainda hoje tocam a realidade. Para termos idéia, uma das melhores amigas da Mafalda era uma menininha pequena e francesa chamada Liberdade com quem a personagem discutia e filosofava sobre a realidade da escola e do bairro em que vivia, em metáforas avassaladoras acerca do capitalismo e da ditadura que assombravam a realidade em que estava. Mafalda foi rebelde e contestadora. Corajosa também. Defendeu seu pensamento e se tornou real ao longo dos quase 10 anos em que foi publicada. Pensar, questionar, falar, discutir....Eis os verbos mais presentes no cotidiano dessa garotinha que ainda encanta gerações. Mafalda não é uma crítica de costumes, nem uma crítica social e política. Mafalda é a reflexão em pessoa, ou melhor, em personagem. Hoje, se ainda fosse publicada, teria mais de 40 anos, mas seus questionamentos são tão modernos que é impossível não rir e se reconhecer em suas tirinhas e em suas tiradas de alta intelectualidade. Mafalda é argentina, mas pode ser considerada cidadão do mundo. Personagem de histórias em quadrinhos, mas se fosse real, viraria ícone de várias gerações, assim como Jonh Lennon, figura pela qual Mafalda é fanática. Em um mundo onde os valores sociais estão invertidos, onde a palavra política poderia ser substituída por ganância e onde as pessoas desaprenderam a refletir, Mafalda torna-se uma lição de vida e audácia para todos que esqueceram que poderíamos ser mais do que somos e que poderíamos viver em um mundo melhor do que vivemos...

Um comentário:

Bernardo Britto Guerra disse...

o mundo precisa de uma quinoterapia urgente!