sexta-feira, 23 de julho de 2010

BOLÍVIA

e lá vamos nós. =D
quarta-feira, serginho e eu nos aventurando em Santa Cruz de La Sierra.

terça-feira, 20 de julho de 2010

despedidas

- amor, já vou. eu não respondi. ela pegou a bolsa, enrolou um pouco, procurou algo dentro, olho para mim e disse: - ai, esqueci uma coisa. subiu as escadas correndo, pé ante pé, fazendo barulho com o tamanco, o que me deixava completamente irritado. eu continuei deitado, ouvindo música. mexia no umbigo como quem estava fazendo algo muito importante. na vitrola o vinil do Clube da Esquina N. 2. Meu preferido. "você pega o trem azul, o sol na cabeça..." eu estava deitado olhando para a parede. assim, quase que mudo. quando ela desceu novamente, colocou algo na bolsa e disse, obviamente esperando uma resposta: - amor, vc está me ouvindo? eu já vou. murmurei algo, mas não sorri. nem disse tchau. A Maíra me irritava, sabe? Há tempos que nossa relação não estava boa. bateu a porta e entrou no carro. o portão abriu e eu me debrucei a chorar. copiosamente. se meu pai me visse chorando do jeito que chorava iria dizer com aquela voz rouca: "meninos não choram, guri". - o que é que está acontecendo comigo? - me questionei enquanto limpava as lágrimas na almofada. me questionava o tempo todo sobre a nossa relação, o que eu buscava pra mim e quem era eu naquele amontoado que se tornou nós, afinal, sete anos juntos não era pouca coisa. era uma boa parte da minha vida que eu via escorrendo pelo ralo, indo para um buraco no qual não dava mais pra alcançar e para pegar nada. E a gente teve tanta coisa boa junto, tantos sonhos, nossos gatos, nossos discos e livros. E agora, a coleção de DVD e de livros do Chaves. - O meu preferido é o Seu Madruga - ela dizia enquanto discutíamos o porque da vila só aparecer de um ângulo na televisão. Leventei e fui para nosso escritório, ficava perto da garagem, numa sala bonita e bem iluminada. na estante, quilos de livros, mas principalmente de histórias em quadrinhos. em todos os lançamentos a gente estava junto. - Meu deus do céu, são sete anos juntos. Sete anos! fui guardando os que eram meus. Mas enquanto eu mexia nos livros, fui percebendo que não sabia mais quais eram meus e quais os delas. Compramos juntos também todos aqueles dvds. E a horta que já estava crescendo no quintal, também era nossa. - E quem vai ficar com a horta? - pensei alto. Não tinha porque discutir aquilo agora. Eu tinha que sair logo daquela casa, levar minhas tintas, minhas pinturas, minha mesa que era feita com uma porta antiga. ideia da maíra. - combina com vc, pedro - ela me disse sorrindo - a gente coloca essa porta aqui pra vc pintar. Além da porta, tinha uma parede que estava toda colorida. Era a nossa parede de ideias e sonhos. Tinha a gente na Europa, tinha a gente junto, tinha nossos labradores. Tinha tudo. Só naõ tinha o que procurar mais porque tudo, tudo que estava naquela parede já não era mais meu.nem dela. era desse casal neurótico,ciumento e inseguro que a gente se tornou. acho que nessa vida, nessa busca que a gente teve, acabamos nos perdendo em quem éramos, no que gostávamos. os gostos foram ficando iguais e isso bem que acabou um tanto com a possibilidade de eu ver quem eu era em meio a esse turbilhão, essa paixão eu que sentia por ela. e a paixão é assim mesmo. essa loucura, essa coisa do eu caso com vc, eu te quero pra mim, essa necessidade de posse, de pertencimento. e eu preciso de me afastar disso, eu preciso. é quase como um vício a gente gostar de alguém. e justamente eu, que sempre me protegi disso. - eu nunca vou namorar ninguém. mto menos casar. cá estou eu. tentando tirar a maíra de dentro de mim, da minha mente, dos meus pensamentos.tirei os livros das estante. um a um. coloquei minhas roupas na mala. mas ainda tem muito para tirar daqui. e eu não sei se vou conseguir. o que eu queria mesmo era fazer isso logo, urgente. pra ontem. não quero que ela me veja saindo. não quero ter que me despedir. juntei td sem dobrar, tudo que era meu. escrevi um bilhete. "desculpa". e coloquei em cima da mesa. abri a porta violentamente e voltando meu olhar pra dentro de casa, vi a nossa foto em cima da estante. sorrindo na praia. eu sentado e ela me abraçando. linda. iluminada. peguei minha chave e quando fechei a porta o telefone tocou. - caralho - resmunguei. - alô. ... - é ele. ... - de onde? como assim? ... - já estou indo praí! a maíra se despediu antes de mim. quando cheguei ao hospital, peguei levemente sua mão. - Pedro, eu já vou amor, vc está me ouvindo? fechei os olhos.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Mudança de Humor

Pois bem, uma das coisas que eu mais gosto de reparar é no humor das pessoas. Claro, no meu também, oficorse. e olha que muda bastante. Contudo, reparar em como as pessoas se comportam está se tornando pra mim um hábito. Por exemplo, a espera em um banco. Ah, eu chego e delirar. De ódio? Sim, também porque ficar na fila, esperando pra ser atendido ninguém merece. Mas eu creio que não há nada tão rico quanto observar o comportamento das pessoas nos bancos. É quase uma aula. Devido a alguns problemas no trabalho, tenho frequentado um pouco mais o "interior" do banco. Ou seja, algumas vezes tenho que ficar esperando pra sacar, pra depositar, pra alterar a conta e etc. Isso tem ocorrido algumas vezes e confesso que tem sido extremamente rico. Quando eu tenho tempo, claro. Mas mesmo quando estou um tanto sem tempo na hora do almoço, correndo pra lá e pra cá, sentar e esperar pra ser antendida tem me surpreendido. Por exemplo a mulher que fica mau humorada porque o cachorro está no carro enquanto ela está na fila: - Isso é um absurdo! - esbraveja aos quatro ventos, esperando que um olhar lhe confirme, "é mesmo, minha senhora" - Mas como é isso, mudam de banco e fica pior? - falava alto o senhor de sandálias havianas e chapéu. Parece um antro em que as pessoas já entram mau humoradas. ou saem mau humoradas e sem dinheiro. e legal também de observar são os senhores, os mais velhinhos no banco: - filha, leia isso aqui para mim? não consigo ver. em que fila eu vou? filha, como eu coloco esse envelope aqui? é uma judiação. mas agora tenho observado também outras mudanças de humor, no caso, na televisão brasileira. Sempre fui fã de entender o que passa, o que acontece na tv e teve uma época que eu era viciada em "Casseta e Planeta". Achava engraçadíssimo o jeito que os caras tratavam as notícias, o humor sarcástico...Mas vi de novo esses dias e parece que para mim, a fórmula esfriou. Não tem mais graça e é bem estranho de assistir. Aquele humor escrachado da "Praça É Nossa" também fez histórias e revelou muitos talentos, mas o formato também se perdeu. Ficou "surdo" como a própria velha da praça. "Heeein??". Era muito bom. Foi então que no auge na sem gracisse da tv brasileira, surge o "Zorra Total". Inteligência pra que te quero? Melhor mostrar a bunda e os peitos que fazem mais sucessos. Lembro-me quando era criança que assistia a um programa chamado "Chico Total" com o Chico Anísio (claro) e outros que agora se desdobram pra fazer algo no Zorra. Era engraçado porque tinham personagens e contextos também de uma época. E uma crítica velada a algumas coisas políticas. Não me lembro de peitudas e bundudas nesse programa. Vai ver até que tinha. Mas era bem menos. Agora, se não chama a atenção por inteligência, que chame pelo nu. Isso pra mim é subestimar a inteligência de qualquer um. A televisão sempre foi para mim uma fonte de mistério, algo a ser decifrado, porque na realidade, ela nos devorava loucamente. Uma vez uma professora do mestrado deu uma aula sobre isso, explicando a questão da "antropofagia televisiva", o quanto a televisão nos suga e nos engole, engolindo também o nosso próprio tempo. A antropofagia a qual nos falava Oswald, onde o homem engole a si mesmo. No caso aqui, devora a arte e vomita algo pior do que saiu. e dessa forma eu comecei a pensar no processo da mudança de humor na televisão. O que eles usavam antes, no rádio, na tv e no cinema para 'entreter" o telespctador, surge hoje numa revanche, numa reinvenção diária de como buscar salvar a audiência. E muito pouco a inteligência. Vide SuperPop, TVFama e coisas do gênero. Então me pego a observar um programa como o "Pânico na TV", um programa que antes era de rádio e que sim, eu ouvia. Meu, eu ligava o rádio depois do almoço e dava boas risadas com aquela turma toda. E os caras saíram do rádio e reinventaram o humor na TV e trouxeram algo extremamente novo que é a ironia escrachada do riso sobre as celebridades, sobre o cotidiano, com uns caras extremamente talentosos. Mas daí só o talento e o humor não bastava mais, e eis que num (cópia?) outro canal surge o CQC para o delírio da sociedade. Putz, humor, jornalismo, denúncia e ironia num mesmo saco. E os caras foram pro Planalto! E os caras usam propaganda atrás de propaganda e um excesso de tom pastelão. Achei simplesmente fantástico. Isso em uma televisão aberta. E um belo dia me pego zapeando a tv e paro em um programa chamado "Furo MTV". Tá bom, mudou tudo agora, toda a minha concepção novamente. Pessoas extremamente talentosas de um novo gênero de comédia no Brasil, o "Stand UP" importado do modelo (eficaz) americano, apresentam programas como "Furo MTV", "Comédia MTV" e "Quinta Categoria" numa nova possibilidade de ver uma tv, hã, musical. Eu me lembro nos famosos idos dos anos 1990 os clipes da MTV, famosérrimos, delirantes e nos idos dos anos 2000, programas como"Fica Comigo" e "Beija Sapo" marcaram o cenário da emissora, com altos indíces de audiência. Mas os famigerados de agora trazem mais um novo olhar sobre a televisão no Brasil e a necessidade de se reinventar, afinal a mensagem também está no meio. E a MTV parece que percebeu isso a tempo e está sabendo usar a seu favor. Sobre o humor no banco, para finalizar esse texto, (porque se vc leu até aqui, parabéns), não podemos esquecer das mães que levam os filhos e entram na fila de atendimento preferencial. - Fica quieto moleque, vc vai apanhar - dizia hoje uma "delicada" mamãe que entre umas e outras viu o filho pulando três cadeiras e correndo pela porta giratória. Sim, dessa forma não tem humor que aguente. Mas o menino chegou a ficar quieto por alguns instantes. Explico porquê. Enquanto a gente espera para ser atendido por senhores e senhoras sérios e bem vestidos, há uma televisão (no mínimo) ligada em algum canal. Nem sempre interessante, é claro. Hoje estava (é óbvio) ligada em um jogo de futebol. Acredito que percebendo o desespero da mamãe, alguém do banco ligou num canal a cabo de desenho. E não é que o dito moleque ficou quieto? Uma seda. Mudança rápida de humor. Da mãe e do menino.