quinta-feira, 1 de julho de 2010

Mudança de Humor

Pois bem, uma das coisas que eu mais gosto de reparar é no humor das pessoas. Claro, no meu também, oficorse. e olha que muda bastante. Contudo, reparar em como as pessoas se comportam está se tornando pra mim um hábito. Por exemplo, a espera em um banco. Ah, eu chego e delirar. De ódio? Sim, também porque ficar na fila, esperando pra ser atendido ninguém merece. Mas eu creio que não há nada tão rico quanto observar o comportamento das pessoas nos bancos. É quase uma aula. Devido a alguns problemas no trabalho, tenho frequentado um pouco mais o "interior" do banco. Ou seja, algumas vezes tenho que ficar esperando pra sacar, pra depositar, pra alterar a conta e etc. Isso tem ocorrido algumas vezes e confesso que tem sido extremamente rico. Quando eu tenho tempo, claro. Mas mesmo quando estou um tanto sem tempo na hora do almoço, correndo pra lá e pra cá, sentar e esperar pra ser antendida tem me surpreendido. Por exemplo a mulher que fica mau humorada porque o cachorro está no carro enquanto ela está na fila: - Isso é um absurdo! - esbraveja aos quatro ventos, esperando que um olhar lhe confirme, "é mesmo, minha senhora" - Mas como é isso, mudam de banco e fica pior? - falava alto o senhor de sandálias havianas e chapéu. Parece um antro em que as pessoas já entram mau humoradas. ou saem mau humoradas e sem dinheiro. e legal também de observar são os senhores, os mais velhinhos no banco: - filha, leia isso aqui para mim? não consigo ver. em que fila eu vou? filha, como eu coloco esse envelope aqui? é uma judiação. mas agora tenho observado também outras mudanças de humor, no caso, na televisão brasileira. Sempre fui fã de entender o que passa, o que acontece na tv e teve uma época que eu era viciada em "Casseta e Planeta". Achava engraçadíssimo o jeito que os caras tratavam as notícias, o humor sarcástico...Mas vi de novo esses dias e parece que para mim, a fórmula esfriou. Não tem mais graça e é bem estranho de assistir. Aquele humor escrachado da "Praça É Nossa" também fez histórias e revelou muitos talentos, mas o formato também se perdeu. Ficou "surdo" como a própria velha da praça. "Heeein??". Era muito bom. Foi então que no auge na sem gracisse da tv brasileira, surge o "Zorra Total". Inteligência pra que te quero? Melhor mostrar a bunda e os peitos que fazem mais sucessos. Lembro-me quando era criança que assistia a um programa chamado "Chico Total" com o Chico Anísio (claro) e outros que agora se desdobram pra fazer algo no Zorra. Era engraçado porque tinham personagens e contextos também de uma época. E uma crítica velada a algumas coisas políticas. Não me lembro de peitudas e bundudas nesse programa. Vai ver até que tinha. Mas era bem menos. Agora, se não chama a atenção por inteligência, que chame pelo nu. Isso pra mim é subestimar a inteligência de qualquer um. A televisão sempre foi para mim uma fonte de mistério, algo a ser decifrado, porque na realidade, ela nos devorava loucamente. Uma vez uma professora do mestrado deu uma aula sobre isso, explicando a questão da "antropofagia televisiva", o quanto a televisão nos suga e nos engole, engolindo também o nosso próprio tempo. A antropofagia a qual nos falava Oswald, onde o homem engole a si mesmo. No caso aqui, devora a arte e vomita algo pior do que saiu. e dessa forma eu comecei a pensar no processo da mudança de humor na televisão. O que eles usavam antes, no rádio, na tv e no cinema para 'entreter" o telespctador, surge hoje numa revanche, numa reinvenção diária de como buscar salvar a audiência. E muito pouco a inteligência. Vide SuperPop, TVFama e coisas do gênero. Então me pego a observar um programa como o "Pânico na TV", um programa que antes era de rádio e que sim, eu ouvia. Meu, eu ligava o rádio depois do almoço e dava boas risadas com aquela turma toda. E os caras saíram do rádio e reinventaram o humor na TV e trouxeram algo extremamente novo que é a ironia escrachada do riso sobre as celebridades, sobre o cotidiano, com uns caras extremamente talentosos. Mas daí só o talento e o humor não bastava mais, e eis que num (cópia?) outro canal surge o CQC para o delírio da sociedade. Putz, humor, jornalismo, denúncia e ironia num mesmo saco. E os caras foram pro Planalto! E os caras usam propaganda atrás de propaganda e um excesso de tom pastelão. Achei simplesmente fantástico. Isso em uma televisão aberta. E um belo dia me pego zapeando a tv e paro em um programa chamado "Furo MTV". Tá bom, mudou tudo agora, toda a minha concepção novamente. Pessoas extremamente talentosas de um novo gênero de comédia no Brasil, o "Stand UP" importado do modelo (eficaz) americano, apresentam programas como "Furo MTV", "Comédia MTV" e "Quinta Categoria" numa nova possibilidade de ver uma tv, hã, musical. Eu me lembro nos famosos idos dos anos 1990 os clipes da MTV, famosérrimos, delirantes e nos idos dos anos 2000, programas como"Fica Comigo" e "Beija Sapo" marcaram o cenário da emissora, com altos indíces de audiência. Mas os famigerados de agora trazem mais um novo olhar sobre a televisão no Brasil e a necessidade de se reinventar, afinal a mensagem também está no meio. E a MTV parece que percebeu isso a tempo e está sabendo usar a seu favor. Sobre o humor no banco, para finalizar esse texto, (porque se vc leu até aqui, parabéns), não podemos esquecer das mães que levam os filhos e entram na fila de atendimento preferencial. - Fica quieto moleque, vc vai apanhar - dizia hoje uma "delicada" mamãe que entre umas e outras viu o filho pulando três cadeiras e correndo pela porta giratória. Sim, dessa forma não tem humor que aguente. Mas o menino chegou a ficar quieto por alguns instantes. Explico porquê. Enquanto a gente espera para ser atendido por senhores e senhoras sérios e bem vestidos, há uma televisão (no mínimo) ligada em algum canal. Nem sempre interessante, é claro. Hoje estava (é óbvio) ligada em um jogo de futebol. Acredito que percebendo o desespero da mamãe, alguém do banco ligou num canal a cabo de desenho. E não é que o dito moleque ficou quieto? Uma seda. Mudança rápida de humor. Da mãe e do menino.

2 comentários:

Wagner Pereira disse...

Reparar no humor das pessoas nos faz pensar em como só faz bem o que lhes convém, do contrário, uma simples coisinha se transoforma em um monstro destuidor do dia.

E, atualmente, são raros os programas de humor que nos fazem rir de maneira saudável e minimamente inteligente. Raros também são programas "originais" que, após você assistir por um tempo, acaba descobrindo que de originais eles não tem nem o nome.

Tenho medo do programa que, um dia, substituíra Zorra Total[se é que isso acontecerá]. Vai ser difícil conseguirem fazer algo pior.

Pedro Cindio disse...

Reparo bastante coisa diferente aqui em Marília. E nada com oum desenho pra acalmar uma crinaça.

Quanto a TV, eu sempre adorei Casseta e Planeta,mas encheu o saco quando,em todos os episódios, uma sátira da novela anterior. Deu no saco já.

Bons tempos de Bronco e Praça é Nossa...