terça-feira, 29 de julho de 2008

Vera Alice e o pé de lima


Foi então que Vera Alice descobriu o quintal. E saiu a explorar o que econtrava lá, desde bichos até as plantas.

E assim viu uma árvora perdida no fundo, lá, sozinha, esperando....a árvora fazia sombra para uma antiga cadeira, que enferrujada, abrigava apenas uma teia de aranha.

A árvore era de fruta e tinha já, naquela primavera, um aspecto carregado. Vera Alice subiu na árvore e pegou a fruta. O cheiro era bom e com as mãos, arrancou uma e na unha mesmo abriu. Degustou a fruta lambendo os beiços. Aquele sabor, azedo e doce ao mesmo tempo, lhe trazia um conforto. Distante.


- Vera Alice! Desce daí, menina!

- Ah, mais já?

- É perigoso!

- Perigoso? Só isso?


Para ela, perigoso era não ter mais aquela sensação....

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Joker






Batman Begins... Acho que nada poderia ser comparado ao vilão feito pelo Heath Ledger. O filme, claro, totalmente Batman das trevas, explosões, impossibilidades, conflitos. Mas, o melhor do filme são as cenas com o Coringa...


Conseguiram humanizar o vilão...no aspecto de cometer falhas mesmo, de humanidade, de alguém que sofreu na vida e por isso, justifica-se ser assim.


Em conversa com meu irmão, discutíamos o que o Batman tem que o Super Homem não tem, ou vice-versa. O Batman é humano. Virou herói depois. (A famosa discussão das personagens Bill e Beatrix em Kill Bill).


E nisso surgiu a discussão de que se ele realmente é humano deveria ter ódio, e portanto, matar o Coringa, seu pior inimigo nessa primeiro filme. Mas não. Ele deixou o cara vivo, rindo irônica e satânicamente de pernas para baixo, pendurado por uma corda com a promessa de que eles ainda se encontrariam.


Sei. Se eu fosse a diretora do filme estaria muito preocupada. Antes tivesse matado o Coringa porque acho que agora, depois do Heath, ninguém mais fará um Coringa tão real. Tão próximo e fascinante.


A não ser que arrumem alguém tão perturbado quanto o Coringa para o Lex Luthor, que vejam só, é humano também. Só falta a pitada da loucura pulando no rosto, na fala e nos gestos...


De qualquer maneira, achar outro Coringa agora vai ser um problema...

domingo, 27 de julho de 2008

Loucura


e perguntam por aí. ou afirmam. que loucura! ele é louco! sim. sei. mas na verdade o que é a loucura? alguém aí consegue explicar o que é e como acontece?

hum, foucault. ótimo. mas, necessariamente, por sermos humanos, estamos fadados a nossos minutos de loucura? ou estamos loucos comparados a alguma coisa?

em determinados surtos, percebe-se que a pessoa realmente é descontrolada. melhor, está descontrolada. mas o que fazer quando isso se repete muitas e muitas vezes?

aceitar a loucura? entrar nela? discutir com o outro?

talvez a loucura seja a via de acesso a um mundo ao qual não pertencemos. e nos condenamos a ficar nele.

essencial pra sobrevivência. o problema é quando atrapalha o outro...e o outro é obrigado a entrar na loucura...

sábado, 26 de julho de 2008

Dos tempos de antes...


Em um passado um tanto quanto distante, os prazeres eram maiores, ou melhor, mais bem vividos. A rua central da cidade abrigava as lojas principais, e entre essas uma velha padaria, ainda com taco no chão e forro no teto. Lá vendia-se o melhor suspiro da cidade. Minha mãe adorava. Sempre que íamos naquela rua, comprávamos um suspiro. Ou dois, dependia de quanto ela tinha. Geralmente era um só, que dividíamos.

A loja de pastel ficava perto. Um boteco com azulejo azul. Um japonês atendia as pessoas e mesmo sem entender o que pediam, fazia o melhor pastel com queijo da cidade. Claro, servido de uma garrafa de fanta. Daquelas antigas.

Tinha um lugar mágico próximo dali, ou diria, mítico, onde pedíamos suco. Sim, suco. Não com mil variações de sabores, mas sucos comuns. Laranja, abacaxi e limão. E vitaminas. Tudo feito na hora.

Havia também uma loja de brinquedos naquela rua. Os melhores brinquedos. Meninos e meninas enchiam os olhos ao passar por aquele lugar. A loja era branca, com a fachada vermelha e um mundo encantado estava escondido lá dentro. Bonecas, carrinhos, e o ferrorama com desconto. Ah, era a glória mesmo...além de ser mais barato, o trenzinho ainda estava montado, ali, na nossa frente...e passava de um lado para o outro, na frente dos nossos olhos enfeitiçados. Diferente da vida, que foi pra frente apenas, mas que passou depressa demais...

Hoje achamos essas comidas em shoppings, abarrotados de carros, pessoas que não se conhecem e compartilham uma ceia comunitária onde a única coisa que não há e comunhão, no sentido de partilha mesmo.

A maioria das lojas é de fast food, e a maioria das pessoas estão com tanta pressa quanto a demora de cinco a sete minutos em que a comida está sendo feita.

Aquele gosto do pastel, do suspiro e do suco, nunca mais senti. Mesmo com os variados tipos oferecidos em shoppings. Falta o sol, o barulho dos carros passando e o olhar atencioso do meu pai e da minha mãe.

Nunca mais vi um ferrorama. A loja ainda existe, mas agora vende tinta.

O que será que as crianças andam fazendo?

Vera Alice


E então, desde que nasceu, Vera Alice era o centro das atenções. Todos criavam expectativa sobre a pequena garota. Mais do que expectativas, as pessoas influenciavam Vera Alice a achar que o mundo era fantástico.


- Vamos levá-la pra ver o mar...o mar é lindo, Vera Alice, lindo...


E foi assim que ela cresceu. E aos quatro, cinco anos, não me lembro bem, Vera Alice foi para a praia.


-Olha só, Vera Alice, como o mar é lindo!

- Sei, mas é só isso?


Para ela, o mar ainda era pequeno...

sexta-feira, 25 de julho de 2008

a casa


o mais difícil é encontrar um espaço dentro da gente e saber permanecer nele. sem crises. o mundo movido à paixão, o ser humano descontrolado de emoção. querer se encontrar não é complicado. pior do que isso, é se encontrar e saber onde ficar de verdade. e não adianta olhar no espelho, tentar ir além dele. o bom da vida são os espaços que ela deixa para gravar no nosso coração aquela hora que acabou, aquela imagem que não podia ser mais linda, e que agora está eterna.

a casa não é minha. mas os meus pensamentos, esses são. ou deveriam ser, na pior das hipóteses...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

HQ MIX


Encontrando os novos e velhos amigos. E a companhia de sempre do meu amigo Sergio Chaves. É, ainda vamos conquistar o mundo...
Premiação delícia. Galera toda reunida. Viagem boa e mais do que isso, encantadora. Olha só, trabalhando com quadrinhos agora... E a CAFÉ ESPACIAL (http://cafeespacial.com/)fervendo. E tantas outras revistas maravilhosas, de amigos/autores incríveis...pessoal do quarto mundo...

Serginho Groisman, Jal, Gual, Angeli, Laerte, Quarto Mundo, Ivan de Sousa (Henfil), Jozz (nosso amigo premiado, que legal!) Laudo, Bárbara, Ébbios, Samara, Sissy (doce de tudo, fotógrafa maravilhosa)...
Show da Banda Jumbo Elektro/Cérebro Eletrônico. (fantástico)
Sesc Pompéia...exposição de quadrinhos, cartuns. O paraíso.
Correria pra pegar o ônibus e saudade correndo pra ficar....um dia.

humm...sei.


e um dia que ela resolveu falar o que pensa. "nonada senhor. foi só um tiro". Sei. E os tiros saem por todos os lados e atingem todas as coisas. Não se sabe se da maneira certa. A infância foi boa. Agora, esquecer-se dela, ou aprender com ela, só pedindo ajuda da Alice. Indo por onde foi e chegando. Mas chegar onde? Não se sabe se chegar é certo, mas é o caminho. O que importa é sentir. E sentir é verdadeiro, é o que nos permite ser humanos.... em qual sentido? ir de um lado só? está bem. O importante é seguir. às vezes, o único lado aponta outras direções. Se esquivar delas é que é covardia....

tinha que ser

um dia eu tinha que fazer um blog. quem sabe dá certo.