sábado, 26 de julho de 2008

Dos tempos de antes...


Em um passado um tanto quanto distante, os prazeres eram maiores, ou melhor, mais bem vividos. A rua central da cidade abrigava as lojas principais, e entre essas uma velha padaria, ainda com taco no chão e forro no teto. Lá vendia-se o melhor suspiro da cidade. Minha mãe adorava. Sempre que íamos naquela rua, comprávamos um suspiro. Ou dois, dependia de quanto ela tinha. Geralmente era um só, que dividíamos.

A loja de pastel ficava perto. Um boteco com azulejo azul. Um japonês atendia as pessoas e mesmo sem entender o que pediam, fazia o melhor pastel com queijo da cidade. Claro, servido de uma garrafa de fanta. Daquelas antigas.

Tinha um lugar mágico próximo dali, ou diria, mítico, onde pedíamos suco. Sim, suco. Não com mil variações de sabores, mas sucos comuns. Laranja, abacaxi e limão. E vitaminas. Tudo feito na hora.

Havia também uma loja de brinquedos naquela rua. Os melhores brinquedos. Meninos e meninas enchiam os olhos ao passar por aquele lugar. A loja era branca, com a fachada vermelha e um mundo encantado estava escondido lá dentro. Bonecas, carrinhos, e o ferrorama com desconto. Ah, era a glória mesmo...além de ser mais barato, o trenzinho ainda estava montado, ali, na nossa frente...e passava de um lado para o outro, na frente dos nossos olhos enfeitiçados. Diferente da vida, que foi pra frente apenas, mas que passou depressa demais...

Hoje achamos essas comidas em shoppings, abarrotados de carros, pessoas que não se conhecem e compartilham uma ceia comunitária onde a única coisa que não há e comunhão, no sentido de partilha mesmo.

A maioria das lojas é de fast food, e a maioria das pessoas estão com tanta pressa quanto a demora de cinco a sete minutos em que a comida está sendo feita.

Aquele gosto do pastel, do suspiro e do suco, nunca mais senti. Mesmo com os variados tipos oferecidos em shoppings. Falta o sol, o barulho dos carros passando e o olhar atencioso do meu pai e da minha mãe.

Nunca mais vi um ferrorama. A loja ainda existe, mas agora vende tinta.

O que será que as crianças andam fazendo?

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