segunda-feira, 31 de maio de 2010

Passagens

dib lufti, eu e sergio ricardo
dib lufti, o maior câmera do cinema novo: uma câmera na mão e uma ideia na cabeça. dib contou curiosidades sobre glauber rocha. como o fato de ficar segurando o braço dele enquanto dib filmava.... "ô glauber, solta o meu braço senão não filmo direito..."
rodrigo grota e dib lufti durante palestra sobre o cinema novo
dib lufti assinando o livro histórico do Clube de Cinema rodrigo grota, dib lufti, sergio ricardo e oswaldo mendes durante coletiva de imprensa no gabinete do prefeito. o prefeito não estava. sergio ricardo e dib lufti em frente ao sobrado onde morávam na rua são luís, que agora, graças a preservação do patrimônio público da cidade, virou sorveteria... a porta ainda é a mesma e é original... "sei que pra vcs não faze mto sentido" , disse o sergio ricardo referindo-se a mim e a milena, "mas pra mim, esse sobrado está gritando de tanta história...." pra mim fazia um sentido danado. pra milena tb.
dib e sergio com o cartaz do filme de sergio ricardo "esse mundo é meu" no acervo (que está tentando se levantar) do Clube de Cinema de Marília oswaldinho e eu no lançamento do livro "bendito maldito"
Pois então que marília ferveu culturalmente na duas últimas semanas. digo isso com algumas ressalvas, é claro. Primeiro ocorreu por essas bandas a virada cultural. estou um tanto refletindo sobre isso ainda porque acredito que a virada cultural perdeu um tanto o seu sentido. banalizaram, carnavalizou-se o que poderíamos chamar de "cultura". muito bem. 24 horas de diversão. só isso. pão e circo. nada mais. era tanta coisa junto, tanto evento que não havia tempo hábil pra curtir tudo, muito menos pra conversar com os artistas e pedir referências. "de graça cultura pra vcs durante 24 horas uma vez por ano. não reclamem". me senti uma cidadã enganada. indignada na verdade. mas o que gostei foi que veio para marília a exposição da "história das histórias em quadrinhos". puxa vida. algo inédito pra uma cidade como a nossa. e o chacal que fez um baita recital de poesia. passamos um tempo conversando. ele é realmente um grande artista. marginalizado, é claro. no domingo, paralamas do sucesso. tá. legal. mas o que contou mesmo foi que no show do canastra o baterista foi o rodrigo barba. aí sim. rs contudo, estive conversando um bom tempo com a celinha, que é professora aqui na unesp sobre essa proposta da virada. e sabe de uma coisa: realmente, perdeu-se o sentido. banalizaou-se um evento que poderia ser considerado viceral para uma sociedade. não dá tempo, assim como a nossa vida, não dá tempo. ficou tipo um "bolsa da alegria". 24 horas pra fazer miséria. contudo, o pouco que eu vi, eu gostei. chacal e exposição. do resto, não deu tempo. também não fiz questão. estava mto ocupada pensando... mostra de cinema. e então que o trabalho aqui na Tarsila enlouqueceu. rs recebemos aqui no espaço e no cine esmeralda a 3mostra de cinema da cidade. encabeçada pelo rodrigo grota. com o bruno gehring, o anderson e o du reginato. e mais uma galera. rapaz, vou te falar. a milena e eu aqui trampamos um monte, mas recebemos um presente maravilhoso. fizemos, acredito, parte da história. sim. porque não é todo dia que podemos ficar trocando ideias com sergio ricardo, dib lufti e oswaldo mendes. não é mesmo. e olha, vou te falar. foi bacanérrimo. primeiro pq tivemos a oportunidade de ficar com esses caras dois dias inteiros discutindo cinema, literatura e música. segundo porque foi um momento realmente histórico pra cidade. o oswaldinho fez uma palestra sobre a diferença entre a arte e a cultura que certamente mexeu no ego de muita gente. além de falar maravilhosamente sobre plínio marcos. e o dib, nossa, altas histórias sobre o glauber rocha. e o sergio ricardo criticando quem acha que a única coisa boa que ele fez foi quebrar o violão no festival musical. tsc tsc. o mais interessante foi levar o dib e o sergio na casa em que eles moraram aqui em marília. e ver que sim, o cinema ainda vale a pena. o cine esmeralda ficou cheio. o cinema ficou cheio. e as ideias corriam aos montes. a arte sempre vale a pena. o que me causou um certo estranhamento foi a ausência massiva do pessoal que trabalha com cultura nessa cidade. quer dizer, já era de se esperar, mas eu ainda tinha fé de que o povo acordasse sabe? putz, uma mostra de cinema como essa? mas enfins. nada que me espante. só estranheza mesmo. dib lufti, sergio ricardo e oswaldo mendes são marilenses. famosos no cenário nacional e mundial da arte. o que me leva a crer que somente a arte em si, como forma de identificação de um povo, pode realmente fazer com que esse pertença a um lugar e creia que esse lugar pode sim, melhorar. receberam a placa de visitantes ilustres de um governo que nem ao menos tem noção da importãncia histórica desses caras. e eles não deixaram por menos: "não somos visitantes. nem ilustres. somos marilienses". o mundo precisa dessas ousadias.