quarta-feira, 22 de junho de 2011

Léo

Quando a gente era criança, bem criança mesmo, a gente tinha uns amigos que a gente considerava primos da gente. Eles eram filhos da sobrinha da minha avó, que não era minha avó de verdade, porque essa morreu, ela era casada com o meu avô. Mas era como se fosse minha avó. E esses amigos, até hoje, comos e fossem meus primos.
A gente sempre ia brincar na casa deles. Era da casa da Larissa e do Lincoln. E era muito legal. A gente estudava em colégios diferentes na cidade, mas a gente sempre ficava brincando junto tanto de boneca quanto de escolinha.
Um dia meu pai colocou eu, meu irmão e minha irmã no carro e disse que a gente ia na casa da Larissa buscar eles pra brincar em casa. Achei o máximo.
- Que bacana ter amigos aqui - pensei.
A mãe deles, a tia Neusa estava grávida do Léo e eu me lembro vagamente da barrigona dela. E nesse dia que a gente foi buscar eles era porque a Larissa e Lincoln iam ficar em casa porque a tia Neusa ia ter bebê.
Puxa, um bebê, que interessante.
Eu devia ter mais ou menos uns 8 anos e começava a sacar que os bebês na barriga das mães não eram engolidos por elas. rs. Eles chegavam ali de outro jeito. rs.
Enfim que o mais importante era ter os amigos em casa e brincar.
A Larissa e eu ficamos conversando pra saber quem ia segurar o bebê quando ele chegasse. E é claro, por ordem de hierarquia, ela por ser irmã dele tinha o direito garantido.
A tia Neusa chegou em casa com o bebê Léo e minha mãe disse:
- O pacotinho chegou!
E eu fiquei feliz de ver.
Era um menino lindo.
Aí a vida fez a gente crescer e se afastou um pouco. Fui fazer faculdade e comecei a fazer Direito, na mesma classe da Larissa e reencontrei o Léo.
Tomei um susto.
- Léo, que lindo! como você cresceu!
E a partir daí eu comecei a chamar ele de Léo Lindo toda vez que o via e pedia:
- Dá aqui um abraço na tia.
E ele sempre era fofo e doce e me abraçava.
- Oi Li.
Então o Léo cresceu mais ainda e resolveu ir morar na Europa. E eu fiquei super orgulhosa e feliz.
- Que bom!
E hoje eu saí do meu trabalho e estava indo em casa almoçar pensando no que eu ia fazer amanhã, que é feriado e tals.
- Lídia, o Léo faleceu.
Eu sentei, fiquei branca e tive que tomar água.
Porque eu me coloquei no lugar na Larissa, no lugar da mãe dele e no lugar da minha mãe.
Morreu voltando no trabalho na Europa.
E eu vi que o mundo é vasto e dolorido. E até agora está um pouco difícil de respirar.
E não consegui pensar em outra coisa senão na Larissa e naquele pacotinho que chegou aquele dia.
E no tanto que a vida passa rápido e nos meus medos que tomaram parte do meu corpo assim que sentei na mesa, um tanto pálida, um tanto triste.
Espero que o Léo esteja bem onde ele estiver.
E que continue sendo lindo.

Um comentário:

liber disse...

Meus sentimentos, Lídia.

Um abraço bem forte pra você.