Já era fim da tarde, uma tarde fria de inverno quando a símia Kiki, uma das macacas mais atuantes da comunidade, passava pela rua Dom King. Ela parou e observou que perto da ponte havia uma família de humanos. Um homem, uma mulher e três crianças. Como estavam cobertos de roupas não dava para identificar se as crianças eram meninos ou meninas.
Kiki, num gesto nobre típico dos símios ligou para a emergência no Corpo de Símios e logo Don Raul, um símio de 47 anos atendeu.
- Alô?
- Alô? Don Raul?
- Pois não.
- Aqui é Kiki.
- olá Dona Kiki, em que posso ajudá-la?
- aqui perto de casa tem alguns humanos. estou achando estranho isso pq a República das Bananas fica um pouco longe daqui...
- são quantos dona kiki?
- cinco.
- não se preocupe, eles estão tentando vir para cá, já que a República das Bananas está esculhambada. eles têm se reproduzido mesmo porque pelos estudos, eles têm um projeto chamado bolsa família que quanto mais gente tiver na família, mais eles ganham dinheiro. mas não se preocupe, são dóceis quando bem comprados.
- mas seu raul, eles podem transmitir doenças como egocentrismo, vandalismo e o principal, corrupção.
- sim, mas esses pelo que me parece, estão perto da ponte né?
- sim.
- então, esses não oferecem perigo. estão só procurando comida e lugar pra viver. já foram atingidos pela corrupção de outros.
- são tão bonitinhos, don raul.
- são mesmo dona kiki, mas cuidado, são humanos de qualquer forma.
foi então que dona kiki organizou no bairro um evento para arrecadar fundos e fazer uma casinha para aqueles humanos. todos os símios da comunidade se reuniram e levaram bananas e água para aquelas cinco espécies que eles sentiam tão próxima.
construíram também uma casinha simples e lá os humanos ficaram por um tempo.
toda vez que os viam sainda casa para ir a alguma lugar, diziam:
- tão bonitinhos, tão fofos...olhe, eles andam em duas pata! que lindinho...
o corpo de símios, liderado por don raul, estava alerta apesar dos humanos não apresentarem perigo.
mas foram feitas fotos e tinha comida todo dia e eles se foram se reproduzindo aos montes independente da qualidade de vida.
a humana chefe com cara de general dizia que quanto mais filhos tivessem, melhor, mais bolsa família teriam. e os humanos seguima a risca o que a líder do grupo falava.
até então que um dia dona kiki percebeu que aquela família de cinco pessoas tinha agora dez membros e se assustou. achou estranho aquilo, apesar do alerta de don raul.
ela então ligou novamente para o corpo de símios de bombeiros e avisou don raul que logo mais capturou aqueles humanos que viviam jogando lixo no chão, fazendo barulho e dançando um tipo de música que os símios dizem ser chamada pagode, ou sertanejo universitário. no cativeiro continuaram a se reproduzir.
tentaram capturar a líder dos humanos, mas foi em vão. elas estava em uma viagem junto com o outro líder barbudo que os humanos tiveram.
passavam agora pela europa onde tentavam esconder o problema de um humano sem escrúpulos que roubava merenda de uma creche.
dona kiki agora sentia receio de dar água e comida pra esses bichos.
- é, esses humanos são um problema mesmo - costumava dizer don raul.
então exterminaram a espécie.
depois de alguns anos, dona kiki levou o netinho dela, o pequeno King pra ver os humanos empalhados no museu. o garoto tinha curiosiodade em saber quem eram os habitantes da República das Bananas.
- olha vovó, o que aquele humano está fazendo com esse dedo do meio levantado?
*livremente adaptado de uma notícia de jornal que dizia em marília alguns humanos acharam saguizinhos em uma árvore no centro da cidade: "mas o bosque está tão longe.... como eles vieram parar aqui?" as pessoas dão água para os bichinhos todos os dias. as crianças de rua que ficam naquela mesma rua pedindo esmola ou um pouco de atenção ganham, às vezes, um real.
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