terça-feira, 3 de maio de 2011

Espetáculo

clap clap clap.
Bem que poderíamos começar assim ao falar do que e como os meios de comunicação vêm atuando ao longo de sua existência.
não vou me estender, não há necessidade. Mas ao falarmos por exemplo dos últimos acontecimentos, do que aconteceram entre os meses de abril de maio, já teremos um bom exemplo de como encarar as verdade dos fatos, bem como entender o motivo dos meios de comunicação parecerem tão arcaicos ao mesmo tempo que se mostram tão modernos.
Pois bem, quando aconteceu o massacre de Realengo, o que os meios de comunicação fizeram foi um tremendo de um espetáculo e uma falta de consideração imensa às famílias e principalmente às crianças envolvidas.
Em meio ao caos, o que os jornalistas mais queriam saber é como essas crianças se sentiram no momento que o assassino entrou na sala.
porra! como assim como se sentiram?
exploraram ao máximo a tragédia, as mães, os sobreviventes, o enterro. tudo que podia ser explorado em termos de imagem foi. quase que chegaram a mostrar a sala onde aconteceu a tragédia. ou mostraram e eu não vi?
enfim.
para mim isso tem um nome: sensacionalismo e desrespeito.
Um pouco depois disso, bem pouquinho depois, foi a vez de mergulharmos a fundo no Casamento Real. Mas que maravilha, um pouco de alívio para um jornalismo tão centrado na desgraça. Mas o casamento real, se é que podemos chamar assim, foi um dos fatos mais importantes da história do mundo. certo? certo, não discordo. Mas acompanhar, discutir o vestido, reprisar exaustivamente o primeiro beijo depois de casados, perder matérias e matérias discutindo o bolo que a noiva escolheu e explorar o que aconteceu anteriormente a sogra falecida de Kate é pedir para morrer.
O circo estava armado no próprio palácio, com uma multidão extasiada em comemorar o casamento de Willian. E o que isso poderia alterar na vida daquelas pessoas que tiveram um feriado, uma euforia e que agora devem estar no banco pagando suas contas e pensando o quanto que gastaram para ver uma celebração cristã, católica e arcaica.
e agora nossos olhos se movem em busca da foto de Bin Laden. O assassinato do "maior" terrorista do mundo. Sério? Sério mesmo? porque olha, para mim terrorista é aquele filho da puta que rouba merenda da escola infantil. terrorista é quem assina um salário de mais de 20 mil para não fazer nada num país onde a maioria ganha um salário minínimo. terrorista são os caras que mataram e torturam na ditadura da américa latina não sei quantos milhões de pessoas. terrorista é o cara que destrói uma família ao mandar o filho para a guerra lutar pelo "ideal".
terrorismo para mim é pensar que o tempo todo estamos destinados a viver com medo de outros homens. Tudo bem que Bin Laden fez o que fez. Entendo a dor e a revolta, mas nós como brasileiros assistirmos ao notíciário que brinda a cada dia uma nova baba aos EUA é nos humilharmos sem precedentes, é saber que não somos nem seremos ninguém numa terra em que estudar é quase um crime, onde investir em educação é raro e onde a cultura, de verdade, é aquela pão e circo de uma porra de uma Virada Cultural de merda.
olhe para a sua cidade e veja o que está acontecendo. veja o seu bairro e leio o jornal local. Não para se informar, mas para rir do que acontece em um jornalismo padrão de falta de ação. onde o jornalista não sai mais da redação para ver o que acontece. onde o prefeito destrói a história da cidade sem dó e onde ninguém faz nada. e nem pode.
e ao ver tudo isso me lembro de alguns textos e livros como "sociedade do espetáculo" que é onde vivemos, ou "shownarlismo" do arbex, um mariliense que graças a deus saiu daqui pq essa cidade não chega a lugar nenhum ou mesmo a falta de crítica social. o cala boca interno que temos vivido.
assistam um filme chamado "a montanha dos sete abutres" (1951) de Billy Wilder. o jornalismo de espetáculo está numa sociedade de espetáculo. onde o palhaço mesmo é a gente que engole tudo isso.

Um comentário:

Camila disse...

aff! eh assim q começo... Líiii, SAL neles!! brilhante diálogo, hj eu quis uma sopa: "mãe, coloca mais sal" - "Na sopa, Cá?" - "É mãe! E, se der tempo: na vida..."