sábado, 5 de dezembro de 2009

Conflito dos Sem Terra

bom, eu trabalho no Jornal da Manhã aqui em Marília e tenho amigos talentosíssimos aqui. Muita gente boa trabalhando junto, tinha tudo pra ser o melhor Jornal. Mas enfim, não é disso que quero falar. Todos aqui têm seu talento, mas tem um amigo que tem um olhar um tanto qto apurado. Aliás, tanto o Eddio quanto o Alexandre são dois super repórteres fotográficos. E quero, mesmo, dar uma força para os dois. Mas agora vou falar um pouco do Alexandre Lourenção por um trabalho dele que esteve em exposição aqui em Marília e poucos souberam. O conflito dos Sem Terra em 1993 que aconteceu em Getulina, cidade próxima. Na visão de Alexandre:
Conflito entre “Sem Terra” e Polícia Militar
Em 1993, o Movimento dos Sem-Terra (MST) se organizava para ocupar mais um latifúndio no Estado de São Paulo, quando na madrugada de 9 de outubro, quase 3 mil famílias ocuparam uma área de 5.400 hectares da fazenda Jangada na cidade de Getulina, no interior de SP. Depois de várias e frustradas tentativas de negociação com os governos estadual e federal, o desgaste das famílias era intenso e o clima ficava cada dia mais tenso. Após 40 dias de ocupação do MST, uma ação policial de retomada de posse da fazenda foi autorizada pelo governo paulista e um confronto violento de proporções nunca vistas foi inevitável. Mais de 8 mil homens do batalhão da Polícia Militar de São Paulo estavam presentes e fortemente armados, além do canil, cavalaria e um helicóptero da capital paulista.
No início do conflito, os Sem Terra, não se intimidaram com a força policial e se uniram formando uma gigantesca corrente humana, todos de mãos dadas e gritando em defesa da ocupação. A situação ficou desesperadora no momento em que a tropa de choque ficou diante das famílias. Várias bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas nos invasores e muitos disparos de arma eram ouvidos em meio de tanta fumaça. “Era uma situação de guerra” conta eu pensei, porque fazia a cobertura pelo Jornal Diário de Marília, naquele ano. "Foi a maior experiência que tive como jornalista nos 20 anos da profissão". “Ver aquelas famílias (muitas com crianças) se arriscando em confrontar com uma força militar e todo aquele aparato policial, foi preocupante. Eu lembro que, quando a tropa de choque foi em direção as famílias, os policias batiam com os cassetetes nos escudos numa grande marcha psicológica arrasadora. No momento do conflito, o barulho das explosões somados aos tiros das armas de fogo era assustador, principalmente porque se ouviam muitos gritos e choros. Eu pensei que haveriam várias mortes naquele dia”, comenta o jornalista. Depois de algumas horas de intenso terror, os invasores perceberam que não tinham chances de continuar a batalha com a polícia e todos acabaram se rendendo e desistindo da ocupação. Não houve nenhuma morte registrada no conflito mas centenas de pessoas ficaram feridas. A ocupação da fazenda Jangada em Getulina virou um marco na luta pela terra em São Paulo, pois a sua repercussão possibilitou o acesso do MST a outras cidades do estado paulista e de todo o país. O movimento continuou formando militantes Brasil a fora e ampliou o leque de alianças, mostrando seu potencial de mobilização e a necessidade da Reforma Agrária.
sobre Alexandre Lourenção
Alexandre Lourenção, jornalista e repórter-fotográfico do Jornal da Manhã de Marília (1989-1991 e de 1998 até hoje). Atuo na profissão há 20 anos, com trabalhos feitos no Jornal Diário de Marília (91-96) e também algumas passagens em Bauru e Garça. Fiz alguns cursos de língua estrangeira (inglês, espanhol e um pouco de alemão). Minha paixão é o fotojornalismo. Nele, o fotógrafo aprende a ter muitas habilidades, como o domínio da metragem da câmera, a atualização e a prática das tecnologias, forte percepção dos acontecimentos (de prever alguns fatos), estar bem informado com o noticiário, sensibilidade, coragem e é claro, sorte. Tudo isso forma um bom profissional. E o dia-a-dia ensina muito. Como o repórter não sabe o que vai acontecer, ele tem que estar preparado para as mais diversas situações, como a do conflito em Getulina no ano de 1993 entre a Polícia Militar e os integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST)
bacana né? o Alê realmente é um talento.

Um comentário:

Anônimo disse...

eu estive lá com minha esposa eu como policial militar minha esposa também policial, meu filho na época tinha 2 anos de idade,e o conflito não foi causado pela policia militar e sim uma ação judicial dizendo que a polícia tinha que cumprir,houve um planejamento e os homens e mulheres que estiveram lá cumpriram com seus deveres, naquela época era um governo dito contra reformas , mas hoje o governo é aquele que na época apoiava e pergunto: alguma coisa mudou?