Quero só dizer que quando eu penso em escrever algo, não é sem propósito.
Esse blog não tem a pretensão de ser algo além, de levantar bandeiras, nem de dizer o que é certo e o que é errado.
Contudo, a vida está aí na nossa frente, gritante e gigante. Muitas vezes morta, poucas vezes vivas.
E hoje, ao me deparar com essa foto de um menino de dois anos na Somália, parei de olhar para o meu umbigo por alguns minutos.
"Além de conflitos internos, a Somália e outros países da África Oriental, como Etiópia e o próprio Quênia, passam pela pior seca dos últimos 60 anos. Nesta terça-feira, a ONU chamou a atenção para a crise humanitária na região, onde a temporada sem chuvas atinge cerca de 11 milhões de pessoas, e fez um apelo a comunidade internacional.
- O custo humano desta crise é catastrófico. Nós não podemos nos dar o luxo de esperar - disse o secretário-geral da ONU, Ban ki-moon - Nós admitimos que temos que fazer de tudo para evitar que essa crise se aprofunde.
Um relatório divulgado em maio deste ano pelo Médicos Sem Fronteiras mostra como a realidade dos campos de Dadaab - composto por três acampamentos Dagahaley, Hagadera e Ifo, onde 9% das crianças chegam desnutridas e 60% das famílias vem com pelo menos um familiar doente.
Para receber a porção de comida - três quilos por quinzena, as famílias devem esperar, em média, 12 dias. Os utensílios de cozinhas e roupa de cama demoram mais de um mês. Durante este período, os recém-chegados precisam se virar em temperaturas médias de 50 graus, buscando alimentos no deserto e fugindo de animais selvagens, principalmente de ataques de hienas, frequentes na região".
Será que ainda existe gente no mundo?
Eu estou me questionando aqui para onde vamos e como vamos. Não tenho a pretensão de salvar a ninguém, muito menos a mim mesma.
Ninguém salva ninguém.
Mas eu quero questionar algumas coisas, como por exemplo a construção de estádios para a copa do mundo, o gasto excessivo do mundo em competições pífias de ver que é quem tem a melhor bomba atômica e em discussões aclamadas e acaloradas sobre a necessidade de se gastar papel tornando determinados cidadãos, cidadãos honorários de cidadezinhas de merda que só pensam em burlar regras e roubar dinheiro público.
Só quero perguntar até quando crianças de dois anos como essa continuarão a ilustrar as páginas de jornais, as vias da estação da luz e a esquina da casa de qualquer um de nós.
No que vale realmente investir?
Ninguém aqui está jogando a questão de ser jesus cristo, de fazer milagres, mas sim de repensar esse mundo, de repensar em que realmente damos valor e o motivo desse valor.
Esse menino chama-se Aden Salaad e tem mais um monte igual a ele esperando que alguém olhe, que alguém faça algo melhor do que ficar coçando em frente a televisão e dando milhões em realitys shows.
Peço que, por favor, ninguém tenha respostas, mas sim mais perguntas.
Se a gente se questionar, é meio caminho andado pra salvar a vida de Aden e de tantos milhões
Sejamos mais humanos, por favor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário