sábado, 1 de janeiro de 2011
nina
e eu que nunca gostei de cachorro me aparece essa no primeiro dia do ano.
Nina. foi o nome que eu dei pra labradora que apareceu em frente de casa depois da meia noite.
fui lá fora bater a toalha de mesa (coisas de quem mora em casa no interior, um costume. "é pros passarinhos comerem o que sobre, filha", diz a tia velha. rs. meus amigos de apartamento batem a toalha no tanque de lavar roupas. enfim).
fui lá fora bater a toalha de mesa depois da ceia e quem está sentada no portão? ela. uma cachorra muito parecida com essa da foto.
- vc está perdida, mocinha? - questionei.
ela não respondeu, ainda bem. rs. porque senão eu ia achar muito estranho.
mas olhou pra mim com olhos perdidos.
o lú meu amigo e a laura minha irmã foram lá fora ver. demos água e ficamos tentando acalmá-la porque os barulhos de bomba estavam terríveis e ela estava muito agitada.
minha mãe chegou.
- coloquem ela na área.
a nina entrou.
tinha marcas de coleira e nas patas. bobona que só. vinha perto de mim e do meu pai qdo a bomba estourava. e queria pq queria entrar dentro de casa. uma fofa.
meus amigos chegaram.
a rê, o bruno, a ana e a gisa. a rê é veterinária, entendia mais e disse que deveria ser da região e bem velhinha pq os dentes estavam gastas e o pelo muito bem cuidado.
ficamos conversando até às cinco e a nina junto. ela dormiu e os meninos foram embora.
a hora que saí da área e fechei a porta a nina começou a chorar. e mais uma bomba estourou.
e ela foi desesperada no portão tentando sair.
como tinha saído antes, abri pra ela dar uma volta e voltar. ela não voltou.
acho que foi pra casa dela. eu acho.
mas me deu uma saudade da bichinha imensa! nossa! como se ela já fosse minha há muito tempo.
e foi quando eu me dei conta da importância do olhar. a nina não fala, é claro. mas me contou um monte de coisas lindas. dócil, meiga.
e não tem espaço em casa pra um cão assim. uma pena.
eu ia amar ter uma nina pra mim.
eu sempre gostei de labradores. nunca fui fã de cachorro, mas acho labradores lindos.
e me apaixonei pela nina nas poucas horas que ela ficou comigo.
que dor não vê-la ali.
mas ela vai estar aqui dentro. pra sempre.
e se o ano começou com uma surpresa tão boa assim, só coisas boas podem vir.
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2 comentários:
Comentário de uma veterinária-filósofa: quem sabe enxergar o olhar de um cão consegue entender a dor e a gratidão escondidas atrás de uma boa e inesperada mordida.
Tem uma cachorrinha que apareceu lá em casa assim também: uma noite de reveillon uns quatro anos atrás. Mas essa era guapequinha de rua mesmo e nós a adotamos. Aliás, minha irmã a adotou.
Adotar bichinhos de rua é muito bacana.
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