quarta-feira, 15 de julho de 2009

Encontros e acasos

Hoje fui fazer uma matéria sobre um projeto de exibição de filmes para a terceira idade. Foi extremamente interessante conversar com tantas pessoas que têm tanta experiência. O clássico da sessão: Sissi, parte 1. Filme dos anos 50 que adoro também. Havia uma maioria de adultos, senhores, mas também crianças em busca de algo novo. Entre outras falas: "ah, antigamente os filmes eram mais românticos, tinham menos recursos, mas os atores se esforçavam mais", "é muito bom vir aqui, a gente relembra nossos tempos", disse uma das senhoras que tinha um dos sorrisos mais fáceis que já vi. e a reclamação: "como é que pode o cinema ser aqui em cima? eu não consigo mais subir escadas", disse uma aposentada. e é uma verdade. lugar acessível seria extremamente importante. mas eles me ensinaram que quando a gente quer mesmo, não há obstáculos. uma das senhoras saiu sem almoçar para dar tempo de chegar à sessão que começava às 14 horas. "Ah, vale à pena né?", disse sorrindo, relembrando os velhos tempos. Enfim, uma tarde maravilhosa. Só por essa já teria sido bom. mas teve mais. Saímos do cinema, o alexandre (que é um dos maiores fotográfos que eu tive o prazer de conhecer, um grande e admirável amigo) e eu e fomos conversando até o carro do jornal. entre uma conversa e outra, havíamos falado que as coisas não acontecem por acaso: - alê, já percebeu que quando estamos com pressa de carro, sempre tem um senhor que mal exenga no carro da frente, dirigindo a dois por hora? rs - ah, sim. mas sabe que isso eu nem me importo mais? nada é por acaso, figurinha. e fomos em direção ao jornal. ao passarmos na Avenida, avistamos um senhor numa bicicleta. na magrela escrito "missionário da paz". na verdade, iríamos por uma rua para o jornal, mas por acaso fomos por outra e nos deparamos com esse ser humano. - e aí, alê? o que é isso? vamos atrás fazer uma matéria? - você que sabe, figurinha. fechamos ele ali na frente e conversamos então. e foi assim. descemos do carro. - oi, somos do jornal. eu sou a Lídia, esse é o Alexandre. - Prazer. - Escuta, quem é o senhor? de onde vem e para onde vai? foi aí que recebi a lição do dia. José Ferreira da Silva, 56 anos, há 12 na bicicleta viajando por toda a América (do norte, central e sul) para pagar a promessa que fez: "se meu pai voltasse a andar, eu prometi que ia andar por todo o mundo". E não é o que o baiano criado em fortaleza está conseguindo? - sabe, o que eu mais tenho é fé. andei pelo mundo todo e ainda vou para a Europa. isso não é pouca coisa. aprendi muito e com essa minha bicicleta (toda equipada com bandeira, cabana e etc) eu conheci histórias e vida. sei falar três linguas e meu maior sonho é poder abraçar o meu pai daqui a 5 anos, quando eu terminar essa viagem e chegar em Fortaleza. - se sente um herói, Sr. José? - não sei se sou para os outros, mas para o meu pai eu sou. e é isso que importa. Fé e vontade. Loucura? talvez um pouco. mas tenho certeza que ele já viu mais por e nascer do Sol do que qualquer um de nós. E pelo brilho dos olhos, também estava muito feliz. Que muitos de nós. acredito que mais do que exterior, ao mundo, a viagem do Sr. José é interna, consigo mesmo e com sua fé. já fazia mais de uma semana que estava em Marília. e as lições veem assim. quando a gente menos espera e quando abaixamos o vidro do carro. e nos abrimos para o mundo. dos outros e nosso mesmo.

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