segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O que vem com a chuva

Dizem que as manhãs de segunda-feira são irritantes. Aquela semana cheia que começa, cheia de coisas, projetos e ideias é de matar qualquer um. Pois bem.
Hoje a segunda-feira amanhaceu quente. Muito quente. E de repente começou uma chuva forte e interminente que fez até os cães na vizinha pararem de brigar. Eles têm chorado a noite toda, sabe? devem ser cachorros novos...
Mas enfim. Em casa todos ainda estão dormindo e isso me traz um pouco de calma. As ideias e projetos estão em estado dormente. Deixo a janela aberta e o som do dia é de chuva. Trilha sonora: trovoadas e pingos caindo no telhado. Quer coisa melhor?
ah, sim, lógico. Tem coisas tão boas quanto, mas a chuva numa manhã de feriado é como um presente mesmo. Parece que a chuva te lembra assim: te dou um descanso colega, vá dormir.
E um turbilhão gira aqui dentro.
Mas por falar em turbilhão o final de semana foi cheio de coisas boas.
Em primeiro lugar o FIQ que não fui. O Quarto Mundo está lá, galera reunida, festas e etc. Não pude ir, infelizmente. A passagem estava comprada, mas não deu certo. Acompanhei a cobertura com fotos e comentários pelo twitter da Banca de Quadrinhos do Rodrigo. Muito muito boa a cobertura...
E por falar em turbilhão novamente, assisti "Jules et Jim" (1962) de Truffaut no sábado. Era um filme que queria assistir há tempos mesmo e nunca achava na locadora. Pois bem, resolvido o problema, troquei de locadora. rs.
foi mais fácil assim. Mas bem, não era isso que eu ia dizer.
O filme é inspirador, não apenas porque pra se assistir um filme desse, você tem que se dispor a assistir, mas pelas ideias tão pós-modernas desse diretor.
Daí vc assiste o filme e sabe de onde veio "Vick Cristina Barcelona", de onde veio várias tomadas de outros filmes e o por que de Jeanne Moureau ser considerada Diva.
É lindo, dá gosto assisitir. Sequências belíssimas em preto e branco, diálogos fortes e e reais ainda pra hoje e a ideia do que é o amor e suas consequencias levadas a últimas situações. Dona Flor e seus dois maridos. rs.
Jeanne cantando "Le turbilion de la vie" é doce e forte ao mesmo tempo, sintetiza, jules, jim e albert no mesmo plano e a obstinação em que tudo fosse sempre assim, uma música que fala do turbilhão e ao mesmo tempo é doce e calma. Como a cena, como a vida deveria ser para aqueles três.
Vale a pena assistir.
Tá, não me cansei e peguei Woody Allen também. Manhattan (1979). Era um filme que queria ver há tempos também. Não só por ser do Woody que amo, mas pelo contexto, por ser em preto e branco com uma fotografia divina do Gordon Willis (o mesmo de O Poderoso Chefão), mas pela questão de relacionamento.
Sério. Vi outros filmes ali dentro, outras pessoas e coisas minhas também. Quantas vezes abandonamos alguém em função de uma ilusão com outro? a não realidade nos choca e machuca e assim vamos, muitas vezes nos machucando e machucando também o outro. Relacionamento é algo realmente complicado, concordo. Mas a paranóia que Woody nos apresenta vai além, com um bom humor e uma ironia fina, nos mostrando a nós mesmos em todos os personagens. O filme poderia se chamar "Retalhos". (tá, craig thompson já usou pros quadrinhos, mas bem que o filme merecia)
tem vingança da ex-esposa lésbida de isaac, tem relacionamentos mal resolvidos, amores que não poderiam dar certo e dão, amores que na visão dos homens são errados, abandono, traição, lealdade. Tem tudo.
um filmão. e uma baita fotografia, como já disse. é lindo.
li o livro "Até o dia em que o cão morreu" (2003) do Daniel Galera. Caraca. Que choque. Que livro. Não conseguia parar de ler um minuto, devorei o texto em duas noites. Um começo super kafikaniano e um desfecho fantástico. Não é romance, não é policial, não é terror. é real mesmo. lindo, bem escrito, diferente, sarcástico, humano.
Queria conhecer o Daniel e trocar uma ideia com ele. O enredo é tão simples (tal qual os filmes de woody), mas é tão denso e vai te envolvendo de um jeito muito louco. Parece que fiquei amiga da Marcela, do seu Elomar e até do pobre cãozinho. Carpinejar, na contracapa no livro explica que deveria ser obrigatório os jovens de hoje conhecerem a literatura do Galera. É seca, é áspera e realista no último.
queria ter lido esse livro com 17 anos. Talvez mudaria algumas coisas que tinha como verdade absoluta. Hoje, a única coisa que sei é que vou morrer. Só não sei quando.
E o livro do Galera mostra que a vida pode ser isso mesmo, essa merda que é. O lance mesmo é viver, de verdade, um dia de cada vez, se atirar, descobrir e principalmente amar. Porque a nossa melhor amiga, mtas vezes estando acompanhados ou não, numa cidade grande ou não, é a solidão. aquela inquilina maldita....
recomendo mesmo.
o outro livro que li nesses dias: 7 Vidas do André Diniz. Sabe que tive o prazer de conhecer o André Diniz esses dias dias em São Paulo. Enquanto conversava com o Laudo, ele chamou o André e eu super ansiosa; é o Diniz? Caraca, na mesma mesa que eu... rs.
havia pego o livro dele na mão no dia anterior e no meu computador do trabalho marcado em um post it amarelo: entrevistar andré diniz. Na hora fui comprar o "7 Vidas" e pedi pra ele autografar. Li ontem. Inteiro. Arrepiada.
Sabe que eu gosto de ler, é verdade e as experiências com quadrinhos são cada vez melhores. Esse livro do André me chamou a atenção pela veracidade, pelos traços, pela ideia e pelo final mais do que real.
As terapias de vidas passadas que apresentaram ao narrador onisciente a alegria, de sei lá, talvez evoluir. e ter nas mãos a obra mais rara já feita por ele.
é um livro lindo, denso e que não dá vontade de parar de ler. e eu não parei...rs.
devorei mesmo. interessantíssimo, real e assombroso. Em mtos momentos os personagens se contorcem e se distorcem, tal qual um sonho ou um pesadelo. Algo que também vivemos.
O André ganhou uma fã. rs
Confiram "7 Vidas"
Assisti no sábado a peça "Bonecrônicas" de teatro de bonecos da Companhia AnimaSonhos. Ah, que delícia....teatro de bonecas sempre é bom. sempre. Mas nesse os bonecos eram feitos pelo falecido Tiarajú e encenados pelo seu irmão gêmeo Ubiratan. Galerinha de Porto Alegre fantástica, com sotaque e tudo. Puxa, demais mesmo. Fomos dar uma volta pela cidade depois e foi um prazer incrível conhecê-los. Acredita que eles também são amigos do Gual? (da livraria HQMix em sampa, pra quem não conhece..) eita mundo pequeno. E como o Bira disse, "o mundo não é pequeno, é que pelas afinidades a gente acaba encontrando as pessoas que têm a ver com a gente".
isso aí....
e pra finalizar (a chuva já está até parando....rs. quer dizer, está mais calma, mas ainda convidativa...) assisti ontem a uma homagem ao Cartola que faria 101 anos. Puxa vida, pra que vale a pena viver e ser brasileiro? Não é pelas Olímpiadas não, por favor. Orgulho mesmo é saber que nasci no mesmo país do Cartola, do Noel. Que prazer imenso. "O Mundo é um Moinho" é um hino e "Alvorada" é um convite a alegria....Além é claro de "Corra e olhe o Céu".
é, Cartola é algo que vai além mesmo....
"o mundo é um moinho
vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
vai reduzir as ilusões a pó..."
Salve Cartola....
amanhã compro Sinuca Embaixo d´água de Carol Bensimon (http://www.carolbensimon.com/). eu, quando nascer de novo, vou entrar na mesma fila que ela entrou: a fila do talento. queria muito conversar com a carol. mesmo. A guria é show....
e por último (prometo) li "12 razões para amá-la". Ah, mas que delícia de texto e de imagem. Para situar: hoje os quadrinhos voltaram com tudo, e junto com eles as fantásticas "graphic novels" e essa é uma das mais legais que li.
Ganhei de presente. rs. e adorei.
Gwen e Evan tem a história de amor deles narrada em 12 capítulos, com direito a trilha sonora e tudo mais. e esse tema, de relacionamento, discussão, seres humanos, sempre me interessou. O quadrinho para mim foi uma novidade mesmo. Primeiro porque foi presente (rs) e eu não conhecia Jamie S. Rich e Jöelle Jones autores do livro, o que foi uma grata surpresa e outra porque, voltando ao tema, a discussão sobre relacionamento é algo tão simples e que dá tantos ganchos que me espanta ficar tão original, tão bacana, tão bem feito.
"eu queria ter escrito essas história", veio junto com o presente. rs. Eu também.
é linda mesmo.
hummm.....será que é só isso? deve ter mais coisa, tenho certeza, mas a chuva está tão boa, tão convidativa, a janela aberta....

Nenhum comentário: