domingo, 28 de novembro de 2010

final de semana

talvez que o propósito desse post não seja falar necessariamente tudo o que fiz no final de semana, mas sim, tudo o que o final de semana me levou a pensar. Ou a lembrar. lembrei de quando eu era criança. Levei a Mariana, minha prima de 3 anos para assistir o espetáculo "Saltimbancos" na Elam. (Escola Livre de Artes de Marília). A Mariana, diga-se de passagem, é uma excelente companhia e tem me ensinado muito coisa. Uma delas foi no espetáculo. Quando o cachorro e a gata brigam, ela virou para mim e disse: - é de mentira, tia, eu não estou com medo. antes de entrar na peça, combinamos que se ela tivesse medo era só me avisar. chegou pertinho de mim, segurou no meu vestido e disse que não estava com medo. mas era bom que eu estivesse por ali. depois, dançou, cantou e bateu palma durante toda a apresentação. e o que é o medo, não é? a gente, que se diz adulto, tem tanto medo. e ela tão pequena me disse que não tinha medo. mas um pouquinho de medo, ela tinha. - é só uma pessoa vestida de cachorro e de gato, tia. não estou com medo. certo, mariana. certo. e a gente sem fantasia tem medo do outro. e das nossas próprias fantasias também. do que parece ser tão real e está apenas ali, encenado pra gente. não é de verdade. é só a vida. a Mariana enfrentou o medo dela. olhou para mim com uma carinha de assustada. e quando eu olhei para ela de volta e disse: - estou aqui, mari. a tia está aqui. ela pegou na minha mão e disse que não tinha mais medo. e que bom que é ter alguém pra gente pegar na mão, não é mesmo? para estar perto, para não sentir solidão. (sim, a solidão também causa medo. em mim causa bastante.) e que bom que é isso. olhar no outro e senti-lo por perto, para não sentir medo. eu ainda tenho muitos medos. muitos. e o bom é que estou conseguindo enfrentá-los. aos poucos, mas estou. o espetáculo para mim foi um presente. o jumento, a gatinha, a galinha cega e o cachorro animaram deveras a minha noite de sábado. brilhantemente feito pelos meus amigos da Elam. e no domingo o que ficou foi a peça "reticências" no sesi. um apresentação que falava também dos nossos medos e do que a gente sente falta. "da grama molhada, do cheiro de caramelo". eu sinto falta de por o pé no chão. de sentir a terra. a grama. do cheiro da chuva. e o abraço apertado que não existe mais. eu sinto falta do parquinho que eu brincava. de quando eu achava que com um pano eu cobria a rodinha de brinquedo que ficava no quintal de casa e fazia uma casinha. e andava de bicicleta com o vento no rosto. eu sinto saudade de ver meus irmãos dormindo no mesmo quarto que eu. eu tenho saudade daqueles meu sonhos mais íntimos, daqueles meu projetos mais internos que se transformaram na vida que levo hoje. mas não está me faltando nada. aliás, está. está faltando ainda um tantinho de mim. mas isso ainda vai chegar. tenho certeza. e eu vou encontrando um pouquinho de mim em mim mesma e em cada um. encontrei um pouco na Mariana. E como foi bom. E como é bom tê-la por perto.

Um comentário:

Anônimo disse...

Seu post é muito bonito, parabéns! Abstrai a gente na leitura :)

Até mais,
André Ribeiro
andre.ribeiro.web@hotmail.com