sábado, 12 de junho de 2010
os espaços do silêncio
embora escrever não seja uma parada nada fácil, tenho me esforçado a pensar que sim, é a nossa válvula de escape. está bem, a minha no caso. porque eu não sei desenhar, nem cantar, nem pintar nem nada dessas artes todas.
eu sei escrever e nem sei porque escrevo. mas sei que toda vez que algo sai pelas letrinhas da tela do computador, um pedacinho de mim tb escapa, como que querendo ficar pra sempre, fazer parte. estancar.
se bem que muitas vezes penso nessa questão do "fazer parte". sim. estou aí, emaranhada em informações, debulhando ideias como quem está fazendo farinha para o pão, pra ver assar aquela massa toda, pra ver ficar bom. pra "fazer parte" de um novo processo de mundo, de realidade.
e essa realidade que anda me permeando, não sei a todos, mas a mim sim, é uma realidade estancada de informação. não que as informações estejam paradas. nada disso. mas são tantas que não se movem. apenas gritam ao esmo. a todos os lugares.
e eu estou repleta de silêncio. um silêncio interno, entende? numa busca incessante por compreender o que tem ocorrido comigo, com as pessoas, com o mundo. uma observação direta de uma realidade refletida.
na fala do oswaldinho durante a mostra de cinema, ele falou justamente disso: da necessidade de se reaprender a pensar. a pensar em silêncio. a ouvir o silêncio. a se ouvir.
a temperatura anda bem baixa esses tempos, um frio colorido, de luzes diversificadas que refletem a confusão de uma humanidade que nem ao menos tem tempo mais de ver o pôr do sol. de ouvir o som do vento. do silêncio.
mas o pior é constatar que o silêncio nem sempre acontece na ausência do som. não. o silêncio acontece muitas vezes em uma avenida, no meio de uma avenida. como a paulista por exemplo.
falar de são paulo nesse sentido é quase uma ironia: como assim o silêncio existe lá? interessante. mas é verdade.
quando nos encontramos a nós mesmos, seja no meio de uma fazenda deserta ou no meio da paulista, o silêncio se faz presente. a questão principal é buscar isso, buscar esse silêncio interno, o espaço dele dentro ou fora da gente.
e ele cabe, perfeitamente. num olhar, num gesto, numa forma de tocar ou mesmo de não falar. porque não há coisa melhor na vida do que vc poder ficar em silêncio com quem vc ama. no conforto do silêncio. onde ele cabe de melhor.
ou até mesmo na arte. na nossa forma de nos expressarmos, de olharmos a nossa realidade, o nosso eu. e principalmente o outro. a dor e a alegria do outro.
o silêncio do sono merecido, do choro não interrompido. do abraço demorado. de olho fechado e em silêncio....
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3 comentários:
"Ouve-me, ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa. Capta essa outra coisa de que na verdade falo porque eu mesma não posso." (Clarice Lispector)
Ae, Lidia! Citada no blog do Forastieri, heim?
http://noticias.r7.com/blogs/andre-forastieri/2010/06/07/cafe-espacial-e-a-lira-dos-vinte-anos/
Ficando famosa. Saudades de vc, menina!
Pois é...esse silêncio é bom e ao mesmo tempo tão absurdamente confuso.
Não sei quanto a você, mas procuro esse silêncio e não consigo achar...como se nada quisesse calar, entende?
Seria bom um pouco desse silêncio!
E quanto a escrever...me vejo na mesma situação...a de não saber fazer nadaalém de escrever e ao escrever tira um pedacinho do que sinto, penso...CLARO que não tão bem como você, mas tento.
Continue escrevendo...
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